O Debate que não houve.
É
importante saudar a ADUFS e os demais organizadores do evento pela iniciativa
de construir evento tão importante.
Gostaria de ter participar, mas a coligação que participo optou por
indicar um candidato da cidade, como foi previamente acertado. Teria sido um
importante momento para apresentar minhas propostas para discussão no campo da
Ciência, Tecnologia e Inovação.
As
universidades estaduais da Bahia estão sofrendo um longo processo de
degradação. Os professores precisam se manifestar, neste momento em que se
prepara um projeto de corte de direitos sociais, com aumento da violência
física e a injustiça em nosso país. Nós, professores das UEBA, somos capazes de
construir universidades produtivas na produção de conhecimento e socialmente
referenciadas na luta por um desenvolvimento e contra todas desigualdades.
No
entanto, não existe vontade política manifestada pelos atuais gestores para a
construção desta autônoma e com estas referências. Esta vontade só será
construída com a mobilização do conjunto dos interessados. Assim, somente com
mobilizações e independência política dos segmentos diretamente interessados,
qual sejam professores, funcionários e estudantes será possível uma mudança na
postura destes impostores.
O
debate foi metodologicamente bem organizado. As questões da Comissão Organizadora
foram centradas em temas de interesse das comunidades universitárias. As
respostas dos candidatos repetiram as demandas destas comunidades duramente
atacadas pelo governo. Faltou, entretanto, propostas novas, como por exemplo a
criação de uma secretaria para cuidar da pesquisa e ensino superior. Este
modelo já existe em alguns estados e alguns países. Precisamos avaliar e
discutir.
Por
falta de informação dos candidatos não foi discutido a concentração de recursos
federais no sul do país, prejudicando principalmente as universidades baianas.
Defendemos a desconcentração de forma a reparar o Nordeste na distribuição
destes recursos federais. Neste momento, existem recursos federais desperdiçados
em universidades regionais que, apesar de receber majoritariamente recursos são
incapazes de produzir ciência. Por isso,
estamos propondo debater a descentralização destes recursos para os
estados.
Nas
questões colocadas pelo público faltou alguma colocação sobre o papel das cotas
como o único instrumento revolucionário na sociedade brasileira. Vivemos uma
guerra entre uma cultura hegemônica que sufoca sem solução e outra que quer
crescer, mas que é aniquilada, como tantas culturas o foram pelo pensamento
hegemônico eurocêntrico.
Portanto,
neste momento eleitoral é importante que isto seja denunciado e que a sociedade
se engaje nesta luta.