sábado, 23 de janeiro de 2016

A Sociedade espera mais


A Sociedade Espera Mais

Os banqueiros brasileiros não gostaram da manutenção da taxa de juros no exorbitante patamar atual. Os jornais sensacionalistas logo “mancheteram”:  “o Banco Central perdeu a independência” influenciada pelo governo, pela CUT etc. No entanto, os mercados no mundo aprovaram a medida. As bolsas de toda a Europa e da Ásia reagiram positivamente com subida extraordinárias. Estas praças com certeza acreditam que o crescimento econômico do Brasil e de outros emergentes, como China, ajudará o crescimento das economias do mundo.


Entretanto, esta medida pouco efeito terá na economia brasileira, salvo se os ganhos que os banqueiros obteriam com os 0,25 ou 0,50 fossem destinados a “sociedade passiva” (MS). Portanto, enganados estão os economistas que servem aos banqueiros, assim como os especuladores internacionais.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

O Engodo da Divida Pública


Discutir uma dívida sem detalhar o papel de quem é credor é desconhecer a possiblidade da violenta agiotagem que historicamente o povo brasileiro está submetido em seu processo histórico, principalmente os Afro-brasileiros. Estes sustentam as elites culturais com seu trabalho e sua criatividade. Vamos mostrar que este processo de agiotagem está presente no endividamento do Estado Brasileiro.

A face oculta da dívida pública é o investimento do governo em empresas de baixa produtividade. Os bilhões pagos a título de juros regam empresas privadas e privatizadas como Oi e “Vale” do Rio Doce, por exemplo. Esses exemplos são de empresas que oferecem péssimos serviços ou desgraças coletivas como foi o desastre provocado pela Vale em Mariana e a OI campeã em reclamação de usuários. São empresas incapazes de estar no mercado, sem a muleta do governo. Estas empresas são incapazes de fazer seus capitais se reproduzirem em decorrência da incapacidade de combinar eficientemente seus recursos produtivos, o principal deles, a mão de obra, é contratada sem preocupação com a eficiência produtiva, apenas a cor da pele ou a cor dos olhos importa.

O governo esta sendo obrigado a reservar quase um trilhão de reais para “pagar” os juros da dívida pública”. Esta astronômica quantia é repassada por instituições pelas quais o governo é, direta ou indiretamente, responsável. Com efeito, o governo federal detém, de forma indireta, o controle de quase metade de sua dívida, através dos mais importantes fundos de pensão (PREVI, PETROS, FUNCEF etc) e de suas grandes instituições financeiras (Banco do Brasil, Caixa Econômica, BNDES,). Na rubrica de “Dívida Pública”, estas doações não se sujeitam a qualquer controle público. Portanto, faz-se mister que esta imoral sangria se interrompa.

Para isto, o governo deve exigir eficiência no retorno do capital que ela “doa”  a essas empresas, através da farsa do “pagamento de juros”. Para isto, a contratação dos empregados das empresas com investimentos dos fundos de pensão e das instituições financeiras devem estar  de acordo com seus atributos produtivos, afim de dar eficiência a estes investimentos. Se os fundos de pensão e as instituições financeiras exigirem o retorno demandado pelo governo, eles deixaram de recorrer ao tesouro, através da farsa do recebimento dos juros para a continuidade de suas sobrevivências. Os fundos de pensão e as instituições financeiras devem vender as ações destas empresas e exigirem o imediato pagamentos dos empréstimos que fizeram e aplicar o volumoso recursos na “sociedade passiva” (Milton Santos).

Outra solução, mais traumática, é se retirar do controle destas instituições através de uma renegociação da dívida, sabendo que, no caso dos fundos de pensão, o trauma recairá sobre os aposentados sustentados por eles e, no caso das instituições financeiras, recairá sobre os trabalhadores das empresas por elas financiadas, viciadas com juros subsidiados pela sociedade, principalmente através do BNDES. Alongar a “dívida” é despejar menos dinheiro na conta destas instituições. Isto pode dispensar a já falada reforma da previdência. Reforma esta que, em última instância, significa socializar para todos que produzem riqueza a incompetência de alguns agentes econômicos.

Por tudo que foi exposto fica a impressão de que existe um interesse das elites culturais em manter uma penumbra na aplicação dos  recursos públicos não o submetendo a nenhuma transparência, dispensando a integração produtiva dos segmentos da sociedade real, mantendo estes segmentos na marginalidade.


quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

A contribuição dos intelectuais negros ao processo político



Estamos em uma crise de paradigma, não que os paradigmas não estejam dando resultado onde eles se originaram, e sim,  porque eles se esgotaram nas sociedades colonizadas, por falta de resultado. No entanto, as elites culturais insistem em impor seus modelos, principalmente no campo da ciência e tecnologia. Isto pode ser facilmente observado no funcionamento da produção de conhecimento no Brasil.
A estrutura da produção de ciência e tecnologia é inadequado para nossa realidade. Poucas universidades, em algumas regiões, concentram a maior parte dos cursos de pós-graduação, das universidades públicas, e, consequentemente das bolsas. Isto é consequência de um sistema de financiamento sem transparência e por isso, ineficaz, que aloca a maioria dos recursos em alguns centros. Por isso, somos os últimos na produção de ciência e tecnologia. Portanto, é imperativo que esta estrutura seja desconstruída.
A possibilidade de construção de outra estrutura teve importante contribuição do movimento negro. Lei 10.639/2003 e as politicas de ações afirmativas são dois exemplos. Entretanto, a primeira não consegue se implantar e a segunda, apesar de implantada em importantes universidades, precisa avançar, por exemplo a criação de cotas para concurso para professor universitários sofre resistência das elites culturais nas universidades. Elas podem levar a uma nova leitura cultural da sociedade na superestrutura de poder.
A Bahia, por conveniências políticas mais do que de produção de conhecimento, interiorizou as universidades, sem contudo integrá-las em qualquer projeto. A Federação, hegemonizadas pelos interesses das elites culturais sudestinas, atrasou o quanto pode a criação de universidades no Nordeste, a Bahia durante décadas abrigou apenas uma universidade federal. Embora timidamente implantadas, as três novas universidades que podem reequilibrar a estrutura conservadora, carecem dos recursos necessários até para a contratação de professores.
No momento, vivemos uma crise com um viés político e econômico que pode levar a uma crise social. A solução para esta é buscada no retrocesso de alguns tímidos avanços. Assim, a redução do financiamento do Fies, o cortes nos recursos orçamentários destinados ao ensino superior e o rígido controle de algumas conquistas sociais agravam as injustiças na sociedade. A resposta a estes ataques só podem vir da mobilização social, principalmente dos pesquisadores negros.
As greves nas universidades são consequências da falta de prioridade para o sistema de ciência e tecnologia, seja no nível regional ou no federal. Mas elas não conseguem identificar a lógica de dominação presente em sua gênese. A crença na polaridade da disputa, impede a visão da “centralidade da cultura” no processo de luta política. A engajamento dos intelectuais negos neste processo poderia adicionar a qualidade necessária.
Os intelectuais negros precisam transformar a violência contra a juventude negra em um fato político, contrapondo-o ao olhar das elites culturais que insistem e conseguem enquadrá-lo como fato policial. Anualmente milhares de jovens negros são assassinados, de tal forma que pode-se configurar como uma tentativa de genocídio. No entanto, este crime contra humanidade é percebido como uma ação apenas policial, tristemente associado a lógica do futebol, por autoridades política a busca de legitimidade.

Podemos assim concluir que há um necessidade de comunicação e diálogo entre os intelectuais negros. A contribuição dos intelectuais negros não consegue construir um diálogo na medida que não dispõe de instrumentos que os façam insurgir no debate ideológico, apesar do criativo e inovador de suas ideias.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

É preciso avançar sobre as elites culturais



É preciso avançar sobre as elites culturais, por isso é fundamental que o movimento negro construa um discurso de insurgência

É preciso avançar sobre as elites culturais. Esta é uma conclusão que se pode chegar da atual tentativa de derrubar a presidente Dilma. A articulação das elites não pode resistir a unidade do movimento social; e o movimento negro deve construir um discurso insurgente.

O processo de derrubada de Dilma não é, como muitos querem acreditar, uma coisa de um desesperado, que, agindo por vingança, aceitou os argumentos do advogado do PSDB, Miguel Reale, e de um ex-militante do PT, frustrado por que não foi indicado para embaixador na Suíça, Hélio Bicudo. Trata-se de uma peça bem acabada de uma grande articulação politica que envolve os oposicionistas derrotados nas eleições, Aecio, Alkimin, e Jose Serra e Fernando Henrique Cardoso, este ultimo derrotado na politica, na economia e no social e setores empresariais, mais precisamente setores da FIESP, esta sempre afeta a apoiar golpistas.

Esta aliança entre políticos decadentes e setores econômicos atrasados não tem possibilidade de prosperar. A ultima vez que ela prosperou foi porque teve apoio das forças armadas e de potencias estrangeiras, na época da “guerra fria”. As ditaduras eram incentivadas e apoiadas pelos capitais internacionais que precisavam de matéria prima e mão de obra baratas. Não é o que acontece no momento. A “opinião pública”, ou melhor a opinião publicada na imprensa financeira internacional não manifestou nenhuma opinião favorável ao golpe, transvestido de “possibilidade constitucional”.

A reação do movimento social, do movimento negro, dos intelectuais, do movimento sindical foi rápida e unanime: “não haverá golpe”. Embora tímida as reformas sociais, elas foram suficientes para assustar as elites culturais. Com efeito, A base da decisão política de Cunha é o temor do avanço de uma outra centralidade na disputa política. A centralidade da Cultura é a única que pode trazer mudanças politicas efetivas no país.

Portanto, urge unir os setores que reagiram unânimes a tentativa de golpe para construir um novo projeto de sociedade, onde a justiça social, política e economia será a base da construção social.