segunda-feira, 13 de maio de 2019

A Elite Cultual Reformista e as Universidades Estaduais Baianas



A destruição das universidades estaduais é uma ação premeditada das elites culturais baianas. Recursos limitados para custeio, investimentos raros e conquistados a duras penas, falta de empenho dos políticos para buscar verbas nacionais para pesquisa e extensão fazem parte do cotidiano dessas instituições; desde o início de suas criações. A maioria das unidades foram instaladas em razão de barganhas políticas de velhos caudilhos. Portanto, não é fato novo o descaso das elites cultural por este imenso patrimônio intelectual construído basicamente pelos alunos, professores funcionários e as comunidades.

Com efeito, o tema de ciência e tecnologia sempre constou nos programas eleitorais das elites culturais conservadoras. Encontra-se facilmente alusões précisas a uma universidade democrática, autônoma e, atualmente, socialmente referenciada. Muitos intelectuais da elite cultural reformista que empolgam a cúpula da Educação estiveram a frente da elaboração de avançados programas eleitorais de ciência e tecnologia, aí incluindo as universidades.

A grande novidade é que esta tarefa está sendo conduzida, há mais de uma década, pela parte reformista destas elites. Uma possível explicação para este fato pode ser encontrada na forma como a elite cultural reformista chegou ao poder no estado. A eleição da primeira gestão desta elite, em 2006, foi o que chamo de acidente político. Isto é, não chegaram em razão de um projeto mudancista, como foi o caso dos vitoriosos de 1986. Não chegaram em função do convencimento de parcelas dos segmentos hegemônicos, o que seria natural na luta política.

A eleição de 2006 consolidou o poder político de LULA em todo o Brasil e, principalmente no Nordeste, por isso, votar em LULA 13, para presidente e no outro 13, para governador era praticamente automático. Com isso, caiu o caudilho velho, mas o sistema que ele criou foi mantido.Este sistema consiste numa íntima e promíscua aliança entre as lideranças do interior, principalmente prefeitos, ex-prefeitos e seus familiares que se sucedem secularmente. Deste sistema,se apropriou os velhos sindicalistas.

Este sistema propicia total independência dos velhos sindicalistas, agora novos caudilhos, dos segmentos que defendem mudanças, seus antigos aliados. E, por via de consequência, possibilita a aproximação dos velhos sindicalistas com velhas elites culturais conservadoras. Estas últimas nunca quiseram universidades com pesquisa, ensino e extensão. Desejam apenas escolões de produção de mão de obra minimamente especializada, uma vez que seus pimpolhos estudam na federal ou nos “centros acadêmicos sulinos”.

As universidades estaduais baianas tem algumas peculiaridades encontradas em poucas outras no Brasil. Quais sejam, um elevado número de professores e pesquisadores negros e um percentual significante de estudantes idem. Esta é a principal preocupação das elites culturais conservadoras. Destruir qualquer possibilidade de avanço foi o primeiro recado dado para os novos moradores de Ondina. Portanto, o projeto é impedi-la de produzir intelectuais negros. Assim, transformá-las em escolões de terceiro grau é o objetivo no fim de linha.

Logo, só a luta pode reverter esta situação, e a greve política é o principal instrumento dessa luta.

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