Quem te viu que te vê!
“Quem
te viu, que te vê”! Disse-me
a colega ao me vê dirigindo uma reunião de intelectuais negros militantes na
UFBA. Ele me viu dirigindo o Movimento Negro Unificado de Salvador no início
dos anos noventa.
Quem
te viu!
Em que mudei na visão da
colega? Não sei!
O que mudou para tal
questão? Vejamos a seguir:
Quem me viu era quem
pagava as contas do MNU de 1989 a 1995, enquanto Coordenador Municipal;
Quem me viu era quem
possibilitava a participação dos militantes de Salvador nos Congressos
nacionais do MNU;
Quem me viu era quem
participava da “Coordenação das candidaturas do MNU”;
Quem me viu era quem
preparava tinta das 14 às 18, depois de sair da Receita Federal;
Quem me viu era quem
participava das reuniões das 19 há as meias noites depois, claro, de pagar o
jantar dos militantes das 18 às 19;
Quem me viu era quem
pichava muro das 1h às 4hs;
Quem me viu foi quem me
via limpar o carro de tinta das 4 às 05 há. para que pudesse chegar as oito na
Receita Federal.
“Quem te vê!”
Quem me vê?
Quem me vê é que
participa da fundação da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros – ABPN
em Recife;
Quem me vê é que
participa da fundação da Associação Pesquisadores Negros – APNB
Quem me vê é quem
participa da diretoria da APNB desde a sua fundação;
Quem me vê é quem
acompanha meus processos acadêmicos discutindo e propondo soluções contra o
racismo.
A construção do “Outro”
As pessoas não olham para
você e sim para a imagem que fazem de você. Foi o caso desta colega, que me via
através de narrativa de militantes que tentam desconstruir o “Outro” e reconstruí-lo
como inimigo.
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