sábado, 25 de janeiro de 2025

A Desconstrução do “Outro”

 

Quem te viu que te vê!

“Quem te viu, que te vê”! Disse-me a colega ao me vê dirigindo uma reunião de intelectuais negros militantes na UFBA. Ele me viu dirigindo o Movimento Negro Unificado de Salvador no início dos anos noventa.

 

Quem te viu!

Em que mudei na visão da colega? Não sei!

O que mudou para tal questão? Vejamos a seguir:

Quem me viu era quem pagava as contas do MNU de 1989 a 1995, enquanto Coordenador Municipal;

Quem me viu era quem possibilitava a participação dos militantes de Salvador nos Congressos nacionais do MNU;

Quem me viu era quem participava da “Coordenação das candidaturas do MNU”;

Quem me viu era quem preparava tinta das 14 às 18, depois de sair da Receita Federal;

Quem me viu era quem participava das reuniões das 19 há as meias noites depois, claro, de pagar o jantar dos militantes das 18 às 19;

Quem me viu era quem pichava muro das 1h às 4hs;

Quem me viu foi quem me via limpar o carro de tinta das 4 às 05 há. para que pudesse chegar as oito na Receita Federal.

 

“Quem te vê!” 

Quem me vê?

Quem me vê é que participa da fundação da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros – ABPN em Recife;

Quem me vê é que participa da fundação da Associação Pesquisadores Negros – APNB

Quem me vê é quem participa da diretoria da APNB desde a sua fundação;

Quem me vê é quem acompanha meus processos acadêmicos discutindo e propondo soluções contra o racismo.

 

A construção do “Outro”

As pessoas não olham para você e sim para a imagem que fazem de você. Foi o caso desta colega, que me via através de narrativa de militantes que tentam desconstruir o “Outro” e reconstruí-lo como inimigo.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário