Estamos vivendo um processo de mudança na hegemonia cultural, tendo a China como polo central. Esta mudança no campo cultural determina mudanças em todos os demais setores. No setor econômico, o surgimento do BRICS, o bloco econômico tem mais de 40% da população mundial.
Por outro lado, o bloco que exerceu hegemonia por mais de 500 anos começa a ver seu modelo de dominação ser posto em questão. Com efeito, os europeus exerceram poder sobre quase todo o planeta com um modo de dominação baseado no extermínio de culturas, exclusão do outro, guerras como método de solução de conflitos, genocídio e permanente “purificação étnica” e um sistema econômica baseado na produção e usurpação da mais-valia do trabalhador.
Uma evidencia desta mudança é o caso de importantes países africanos. Estes estão se desalinhando financeira, econômica, e militarmente da Europa. A aproximação econômica com a China e militar com a Rússia é um importante foco de inquietação para o domínio ocidental. Mas os laços culturais continuam fortes. Com efeito, língua, religião e muitos valores continuam a imitar os valores dos invasores europeus.
A perda de hegemonia cultural está gerando uma violenta reação. Tanto no campo geopolítico, como no campo econômico. No primeiro, temos a guerra da Ucrânia e o massacre de Gaza como exemplos atuais. É importante destacar que a guerra da Ucrânia, pode ter como objetivo final atingir a China, encurralando-a entre uma Rússia europeizada e um Japão americanizado. A guerra contra a Palestina que tem como objetivo atingir o Irã, entendo o Hamas como “culpado inútil”.
Além da reação pela violência das armas, temos a reação econômica. O tarifaço dos Estados Unidos e a resistência dos europeus em aprovar o acordo com o Mercosul são demonstração desta violência. O bloqueio econômico da Rússia, Venezuela e Irã é a evidencia mais próxima desta reação e afeta profundamente o Brasil.
No Plano interno, a situação agrava-se em todas as esferas. A tentativa de intervenção dos americanos em nossa justiça atiçou o sentido de soberania e a unidade nacional, mesmo de setores conservadores. Mas a intervenção econômica, através do tarifaço atingiu todos os estados da união.
Na esfera econômica, o tímido crescimento é fruto da falta de criatividade do governo Lula, da impossibilidade de incluir os seguimentos historicamente excluídos – desde e antes da famigerada lei áurea - e da política de juros dos banqueiros com Galipo a frente. As altas taxas de juros refletem a desconfiança das elites econômicas, políticas e sociais em relação ao governo Lula, principalmente em razão do medo de algum avanço político no campo das relações raciais.
No campo político vê-se a tentativa de bloqueio do governo Lula pela “direita das emendas secreta” com o objetivo de impedir o avanço das políticas sociais. Este quadro torna um pouco mais difícil a vitória de Lula em 2026. Mas, com certeza os afro-brasileiros virão a seu socorro. Este é o fato que aterroriza os conservadores, na oposição e tranquiliza seus aliados, no governo. A tranquilidade destes decorre de um movimento negro sem representação e domesticados nos cargos públicos.
Os conservadores profundamente divididos buscam um herdeiro para o espolio do chefe da quadrilha golpista. O de São Paulo, centra-se na violência do capital com destaque para as privatizações. O de Goiás incentiva a violência das forças de repressão com a palavra de ordem “deixa a policia trabalhar”.
Na arena estadual vê-se a continuidade de uma agenda com as mesmas características dos governos antes da vitória do bloco do bloco reformista. Com efeito, apoio ao agronegócio, a busca frenética pelo capital estrangeiro, a violência das forças de ordem marca esta continuidade. Os grandes projetos não saem do anuncio, entre eles a FIOL e a Ponte Salvador/Itaparica.
A coalisão no poder depois de quase vinte anos, afastou-se profundamente dos movimentos sociais, principalmente do movimento negro. Importantes quadros foram alçados a esfera da gestão, mas sem capacidade de dar resposta aos enseios que ajudaram a construir, quais sejam luta contra o racismo, luta contra o feminicídio, luta contra o machismo são três exemplos que gritam. Este quadro torna a reeleição do atual gestor muito complicada.
A tentativa de uma chapa hegemonizada por um só partido fende a colisão no poder há quase vinte anos. Esta fissura abre espaço para o avanço de uma alternativa à esquerda, isto porque as fissuras políticas são recheadas de descompromissos entre as partes cindidas. Logo é possível os avanços. Principalmente nas disputas majoritárias, os atuais ocupante do senado não representam o povo baiano.
Os conservadores são os herdeiros dos responsáveis pelo atraso da Bahia. Os reformistas se apropriaram de seu modelo de dominação – exclusão, genocídio e limpeza étnica. Em razão disto, os conservadores sofrem para superar as dificuldades eleitorais no interior do Estado. Assim, divididos e sem candidatos de expressão eleitoral, nas eleições majoritária.
O PSOL pode ter um importante papel. Nas últimas eleições, o partido vem mostrando ser uma alternativa à esquerda. A eleição de Eliete Paraguaçu e Hamilton Assis reforça este avanço.
A chapa majoritária deve aprofundar a relação do partido com o movimento social. Neste sentido, nossa campanha deve resgatar nossas pautas históricas, quais sejam educação de base de qualidade referenciada na lei 10569/82, medicina preventiva, combate ao racismo, ao machismo e outras formas de dominação cultural, apoio à agricultura familiar, autonomia para uma universidade socialmente referenciada.
Na chapa para o senado, podemos eleger um senador caso a esquerda tenha juízo, escolhendo candidatos que tenham capilaridade e proximidade com o movimento social, principalmente o movimento negro. Esta chapa será o principal foco de avanço dada a atual composição, branca e machista que tenta se reeleger, mas está profundamente dividida.
A chapa proporcional deve atender o resgate e a solidariedade com os companheiros que estiveram na construção de todo este processo e hoje se sente abandonados. Os cálculos matemáticos falham sempre quando tentam resolver a questões políticas.
Neste ponto, nossa Corrente pode ter um papel importante no debate interno. Como somos uma das correntes interna que se centraliza na questão racial, cabe-nos buscar esta centralidade dentro do partido, indicando candidatos que tenham inserção na luta racial e uma capilaridade dentro do Estado.
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