A Cultura Afro-baiana sobreviverá e as ruas continuaram pertencendo
ao Povo Negro apesar da prefeitura e do Ministério Público
Tem razão o Prefeito
de Salvador ao afirmar que a gestão da mobilidade é trabalho seu. Estaria como mais
razão se este trabalho estivesse sendo feito. Não está! Por isso, tem razão o Ministério
Público da Bahia de recomendar ao prefeito que faça seu trabalho. Mas ambos têm
um consenso, qual seja, como a maioria esmagadora dos prejudicados são empresários
afro-brasileiros, eles que se danem, pensam.
Faz parte da
cultura dos descendentes de africanos no Brasil, o trabalho nos espaços públicos.
Esta foi a única forma de superarem as barreiras que o racismo lhes empunha e ainda
impõe. Muitos constituíram famílias, criaram
filhos, netos e prosperam. Exemplos de sucesso não faltam. Alguns casos de
sucesso tiveram respostas imediatas do racismo de alguns políticos, como foi o
caso da disputa pelos pontos de acarajé do Rio Vermelho. Entretanto, a tradição
cultural foi capaz de superar ao “ódio ao outro” manifestado pelas elites
culturais.
O
que fatalmente acontecerá na atual disputa entre os representantes destas
elites. Com efeito, a função da prefeitura deveria ser facilitar a produção de renda
daqueles que produzem riqueza e geram impostos nesta cidade. No caso específico
do Bairro da Saúde, trocar o sentido das ruas, criar estacionamento espaços existentes
e colocar agentes proibindo estacionamento ilegal. Aliás este último é
especialidade da prefeitura. Produzir riquezas e manter a tradição cultural
sempre foi uma arte para os afro-descentes. E isto sobreviverá, apesar desta
disputa entre aqueles que são agentes da distribuição de renda em seus
financiadores.
Esta
distribuição fica evidente em uma prefeitura para a qual mobilidade resume-se a
construir viadutos. Endividam a cidade e seus habitantes com obras de eficiência
técnica discutíveis. Estas trazem benefícios precários para seus trabalhadores,
mas enriquecem os proprietários das empresas, aumentando as desigualdades.
Desta forma, perpetuam-se no poder, apesar da distancia cultural que mantem com
os afrodescendentes.
Em
fim, temos certeza que a cultura de rua prevalecerá. Esta vitória será emblemática
para outros setores culturais que esmolam as migalhas dos poderes.