O desenvolvimento não se faz como um passe de mágica
Não basta apenas bilhões de reais em obras ditas de infraestrutura, ditas de saneamento ou mesmo ditas educacionais. É preciso muito mais que estes bilhões de reais e estas obras de “PACs”. Desenvolvimento é o resultado da liberdade do indivíduo. E esta tem como seu principal entreva a discriminação. As mudanças dos valores fundamentais de uma sociedade não dependem de grandes somas e a discriminação é um valor fundamental da cultural brasileira. É preciso alterar a cultura da sociedade. Esta alteração dispensa investimentos bilionários.
Por isso, a importância do debate promovido pela ONG A MULHERADA. Na qualidade de expectador, assisti a um excelente debate. Ouvi da Profa. Dra. Célia Sacramento uma didática exposição sobre invisibilidade e financiamento de campanha. Embora, saibamos que o financiamento público de candidaturas não resolverá o problema de “caixa dois”, pois este é fundamental para as elites “convencerem” parte significativa da população, concordamos que este financiamento é indispensável para os candidatos ligados aos movimentos sociais. Nesta excelente exposição é possível fazer apenas comentário. Alguns estudos que destacam a invisibilidade social chocam-se com a realidade concreta, pois esta demonstra que a invisibilidade é étnica, isto é: mulheres negras e homens negros é que são invisíveis. Mais diretamente, mulheres brancas e homens brancos, exercendo qualquer tipo de função, serão sempre visíveis.
As ausências foram pouco notadas, pois as substitutas responderam a altura, a ponto de uma das substitutas ter sido incentivada a lançar-se vereadora no próximo pleito, em virtude da clareza e firmeza de sua exposição.
Nesta exposição, bem ilustrada com números e comparações, fomos informados dos “avanços” das negociações da reforma política. Um desses “avanços” é o destaque de 5% do fundo partidário par a formação das mulheres nos partidos que desejam ser candidatas e a cota de 10% do horário eleitoral gratuito para mulheres. Estas tímidas conquistas parecem, na verdade, verdadeiro recuo, pois a lei já determina que 30% das vagas serão destinadas as mulheres. Um verdadeiro avanço seria o aumento do percentual para o justo percentual de 50% e os aumentos dos recursos e espaços correspondentes, caminhando na mesma direção.
Argumentei que alguns países já dispunham de dispositivos legais que asseguravam cotas para as mulheres, em proporções justas, nas atividades públicas e nas empresas privadas. Citei, para exemplificar, o caso da França, que discute as cotas para as mulheres nos colegiados dirigentes das empresas privadas, mostrando que é em função destas igualdades que esta sociedades apresentam os melhores índices de desenvolvimento humano. Conclui afirmando que sem estas políticas que subvertem a discriminação subjetiva, não haveria possibilidade de desenvolvimento, com qualquer apelido que queiram dar.
Este tímido avanço fica compreensivo na defesa da tese, feita pela expositora, de que o racismo, o machismo e outras mazelas sociais são decorrentes da exploração capitalista, logo, 10% do tempo da propaganda política ou 5% do fundo partidário para formação das mulheres é mais do que suficientes, pois, só no final da luta de classes com a instalação do socialismo, estaremos numa sociedade igualitária, só comparável à vida no jardim do Éden, onde homens e mulheres terão o mesmo direito e deveres.
A vereadora Marta Rodrigues, além de muitas colocações precisas, criticou os, apenas 30% de cotas para mulheres, afirmando que o Partido dos Trabalhadores fora o primeiro a implantá-la, mas que este percentual já estava superado, por isso deveríamos exigir 50%.
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