quarta-feira, 22 de maio de 2019

Trabalho, Tradições Culturais e Crescimento

Trabalho, Tradições Culturais e Crescimento


O Brasil jamais terá um crescimento sustentável a longo prazo. Podemos ter alguns curtos períodos de crescimento, mas este será seguindo, obrigatoriamente de longos períodos fraquíssimo crescimento ou longas recessões. Não existe crescimento sustentável sem a inclusão focada da maioria da população. A abertura interna é tão importante quanto a externa
Sem a livre circulação dos fatores de produção, não existe possibilidade de crescimento econômico e muito menos de desenvolvimento. Terra, capital e trabalho são os elementos essenciais do processo de produção de riqueza. Os dois primeiros são quase monopólio da elite cultural conservadora, mas prisioneiros de suas tradições culturais. Os jagunços nas fazendas, sejam elas no campo ou no ministério, garantem a propriedade e os elevados juros, impedindo, portanto o regular acesso.
O trabalho, é democraticamente distribuído. Este circula livremente, assim, o capitalista dos grandes conglomerados financeiros, os juízes de nossas instâncias superiores e o vendedor de amendoim nos engarrafamentos, todos são divinamente agraciados, embora os últimos ganham com o suor de seus rostos, parafraseando o Criador. A economia informal está aí para demonstrar esta democracia. Do agiota, banqueiro informal, as milícias, justiça informal, ao distribuidor de alimento, comerciante informal; todos exercem competentemente seus “métiers”. Portanto, o mercado acolhe todos, sem que tenham iguais direitos.
A discriminação restringe a circulação da maioria. Assim, o banqueiro informal jamais receberá uma carta patente do Banco Central. Da mesma forma, a justiça informal não terá seus operadores com registro na Ordem. Por fim, o comerciante informal não obterá crédito em nenhuma instituição financeira. Será redundante informar que todos estes agentes pertencentes ao fator econômico trabalho são majoritariamente afro-brasileiro. Por isso, a produtividade não contribuirá com a produção de riqueza.
Este é o nosso problema, qual seja libertar a terra e o capital dos preconceitos inerentes a seus proprietários. Isto só será possível com o foco voltado para as políticas reparatórias em direção á maioria da população brasileira sem livre acesso a todas as atividades econômicas. 

segunda-feira, 13 de maio de 2019

A Elite Cultual Reformista e as Universidades Estaduais Baianas



A destruição das universidades estaduais é uma ação premeditada das elites culturais baianas. Recursos limitados para custeio, investimentos raros e conquistados a duras penas, falta de empenho dos políticos para buscar verbas nacionais para pesquisa e extensão fazem parte do cotidiano dessas instituições; desde o início de suas criações. A maioria das unidades foram instaladas em razão de barganhas políticas de velhos caudilhos. Portanto, não é fato novo o descaso das elites cultural por este imenso patrimônio intelectual construído basicamente pelos alunos, professores funcionários e as comunidades.

Com efeito, o tema de ciência e tecnologia sempre constou nos programas eleitorais das elites culturais conservadoras. Encontra-se facilmente alusões précisas a uma universidade democrática, autônoma e, atualmente, socialmente referenciada. Muitos intelectuais da elite cultural reformista que empolgam a cúpula da Educação estiveram a frente da elaboração de avançados programas eleitorais de ciência e tecnologia, aí incluindo as universidades.

A grande novidade é que esta tarefa está sendo conduzida, há mais de uma década, pela parte reformista destas elites. Uma possível explicação para este fato pode ser encontrada na forma como a elite cultural reformista chegou ao poder no estado. A eleição da primeira gestão desta elite, em 2006, foi o que chamo de acidente político. Isto é, não chegaram em razão de um projeto mudancista, como foi o caso dos vitoriosos de 1986. Não chegaram em função do convencimento de parcelas dos segmentos hegemônicos, o que seria natural na luta política.

A eleição de 2006 consolidou o poder político de LULA em todo o Brasil e, principalmente no Nordeste, por isso, votar em LULA 13, para presidente e no outro 13, para governador era praticamente automático. Com isso, caiu o caudilho velho, mas o sistema que ele criou foi mantido.Este sistema consiste numa íntima e promíscua aliança entre as lideranças do interior, principalmente prefeitos, ex-prefeitos e seus familiares que se sucedem secularmente. Deste sistema,se apropriou os velhos sindicalistas.

Este sistema propicia total independência dos velhos sindicalistas, agora novos caudilhos, dos segmentos que defendem mudanças, seus antigos aliados. E, por via de consequência, possibilita a aproximação dos velhos sindicalistas com velhas elites culturais conservadoras. Estas últimas nunca quiseram universidades com pesquisa, ensino e extensão. Desejam apenas escolões de produção de mão de obra minimamente especializada, uma vez que seus pimpolhos estudam na federal ou nos “centros acadêmicos sulinos”.

As universidades estaduais baianas tem algumas peculiaridades encontradas em poucas outras no Brasil. Quais sejam, um elevado número de professores e pesquisadores negros e um percentual significante de estudantes idem. Esta é a principal preocupação das elites culturais conservadoras. Destruir qualquer possibilidade de avanço foi o primeiro recado dado para os novos moradores de Ondina. Portanto, o projeto é impedi-la de produzir intelectuais negros. Assim, transformá-las em escolões de terceiro grau é o objetivo no fim de linha.

Logo, só a luta pode reverter esta situação, e a greve política é o principal instrumento dessa luta.