Uma vitória do Estado de Direito
e a luta contra o arbítrio pode ser vista por muitos ângulos. É o que se
depreende da decisão da Suprema Corte no caso da suspeição do Juiz Sergio Moro.
Um Ministro da Suprema Corte, ao proferir seu voto
tentando salvar o juiz justiceiro e seus acólitos, falou que poderia ser dado
um passo atrás na extinção da corrupção. Do alto de sua impavidez e palidez, o
magistrado ousa atacar um dos pilares do nosso capitalismo, qual seja: a
corrupção. Ledo engano e profundo equívoco.
Este mesmo magistrado afirmou que os juízes que ousaram atacar a
corrupção poderiam ser perseguidos pelos corruptos para que tais iniciativas
não se repetissem, como ocorreu na Itália. Esta declaração é passível de se
tornar uma realidade, por mais paradoxal que pareça.
O ledo engano decorre da reconhecida competência e lucidez do notável causídico.
Mas ele desconhece que a corrupção endêmica no Brasil é decorrência do racismo
que se abate sobre quase 60% da população.
No entanto, a possibilidade de que a perseguição ocorra decorre da contrariedade
dos racistas com o fato de magistrados justiceiros e ingênuos tocarem no principal
instrumento de reprodução de seus capitais. O que já vem acontecendo. Anote-se
que não serão as vítimas dos justiceiros togados e engravatados que comandaram
a perseguição. Serão seus aliados no topo da sociedade civil.
Portanto, a endêmica corrupção brasileira continuará enquanto o combate as
desigualdades raciais não forem atacadas e a luta contra o racismo forem
interrompidas por magistrados arbitrários e outros funcionários públicos truculentos.