sexta-feira, 23 de abril de 2021

Uma vitória da luta contra o arbítrio.

 

Uma vitória do Estado de Direito e a luta contra o arbítrio pode ser vista por muitos ângulos. É o que se depreende da decisão da Suprema Corte no caso da suspeição do Juiz Sergio Moro.

Um Ministro da Suprema Corte, ao proferir seu voto tentando salvar o juiz justiceiro e seus acólitos, falou que poderia ser dado um passo atrás na extinção da corrupção. Do alto de sua impavidez e palidez, o magistrado ousa atacar um dos pilares do nosso capitalismo, qual seja: a corrupção. Ledo engano e profundo equívoco.

Este mesmo magistrado afirmou que os juízes que ousaram atacar a corrupção poderiam ser perseguidos pelos corruptos para que tais iniciativas não se repetissem, como ocorreu na Itália. Esta declaração é passível de se tornar uma realidade, por mais paradoxal que pareça.

O ledo engano decorre da reconhecida competência e lucidez do notável causídico. Mas ele desconhece que a corrupção endêmica no Brasil é decorrência do racismo que se abate sobre quase 60% da população.

No entanto, a possibilidade de que a perseguição ocorra decorre da contrariedade dos racistas com o fato de magistrados justiceiros e ingênuos tocarem no principal instrumento de reprodução de seus capitais. O que já vem acontecendo. Anote-se que não serão as vítimas dos justiceiros togados e engravatados que comandaram a perseguição. Serão seus aliados no topo da sociedade civil.

Portanto, a endêmica corrupção brasileira continuará enquanto o combate as desigualdades raciais não forem atacadas e a luta contra o racismo forem interrompidas por magistrados arbitrários e outros funcionários públicos truculentos.

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Na disputa entre o mar e o rochedo...

    As elites se digladiam para conservar seus privilégios decorrentes de uma sociedade excludente do ponto de vista racial. Parlamentares de representatividade duvidosa, chefe de executivo sem qualidade, pretendentes ao poder central e “guardiões da pátria” disputam como se apropriar da riqueza produzida pelos afro-brasileiros.

    Os representantes do povo sequestraram quase trinta bilhões de reais de verbas públicas e as destinaram a seus projetos políticos. Em seguida, em ato implicitamente combinado, o presidente da Camara deu um ultimato em tom ameaçador, afirmou “tudo tem limite”. Este se destinou a algum irresponsável, para ele, representante do executivo. A carapuça coube perfeitamente ao chefe do executivo.

    A resposta foi imediata. A intervenção na cúpula das forças armadas, tentando demonstrar que tem controle destas forças. Os donos do país são demitidos como simples “aspone”, movimentados como peões para proteger uma rainha acuada. E teve efeito nas lideranças das elites culturais conservadoras.

    Os protegidos pelas guarnições reagem imediatamente. Anunciam seus porta-vozes: “Seis presidenciáveis assinam manifesto conjunto pró-democracia” Estadão.

        Responde o poeta: “Eles querendo mudar nossa sina. Nos injetando a inconsciência. Dizendo que é a democracia. Grande piada, conto de fada, eh” Edson Gomes.

      Não defendem a democracia, pois esta não existe, mas defendem seus interesses pessoais e dos segmentos a que pertencem. A ditadura, que seu candidato tanto almeja, não garante seus privilégios, ao contrário, os ameaçam, na medida em que esta pode trazer instabilidade política e, consequentemente econômica.

        Adultos, Jovens e crianças mortas diariamente por “bala perdida”. São quase cinquentas mil por ano, mais que as três guerras civis somadas (Somália, Síria e Yemen). A maioria de afro-brasileiros, sem que haja alguma justiça. E dizem “Não há liberdade sem justiça”. Racismo é o cerceamento da liberdade. Portanto, não há justiça, uma vez que não há liberdade.

        Por tudo, a conclusão é fácil, inexiste ameaça democracia uma vez que ela, entre nós, é um conto de fadas.