O
programa de pós da APNB, Negritando os Fatos, abordou três temas, quais sejam: Banco
Central e os juros; Petrobras e os preços dos combustíveis e Governo e Inteligência
Fiscal. Estes temas estão intimamente ligados. Abaixo algumas observações que
fizemos.
Banco
Central e os juros
O
mercado, que é uma estrutura “modelada por várias instituições (políticas, econômicas,
sociais e mesmo culturais” – o grifo
é meu – irá atender a instituição mais poderosa. Banco Central e os juros. Em
nosso caso, a mais poderosa instituição é a Cultura. Por isso, não cabe um
Banco Central independente em um mercado com hipertrofia da Instituição Cultura.
“Juros
não se reduz no grito” disse um economista conservador. Eu afirmo exatamente o contrário.
Isto é, juros só se derruba no grito, na medida em que em nosso “capitalismo” racismo
e juros são causa e efeito. E lula sabe disso. Por isso, ele gritou.
Quem
oferta o capital no Brasil são os brancos, uma minoria inexpressiva. Os
tomadores são os negros, uma maioria expressiva. O racismo impede que os
detentores do capital confie nos tomadores, por isso o juros são alto. Na
medida em que ele reflete a confiança entre os agentes.
O
Professor Romilson Sousa afirmou o “Banco Central é o Banco dos Bancos”. Em
sendo verdade, somos obrigados a concluir que mantendo os juros elevados, o BC está
correto. O oligopólio, a quem o nosso
banco central atende, pertence a homens brancos.
Portanto,
é preciso democratizar o acesso aos bancos e atividade bancaria, isto só será possível
com uma luta contra o racismo.
Petrobras
e os preços dos combustíveis
Primeiro
é preciso ter em conta que a nossa Petrobras é uma empresa privada regida pela
lei das SA, inclusive com cotação na Bolsa de Nova.
O
monopólio é a mais evidente manifestação econômica do racismo. A nossa Petrobras
não poderia ficar de fora. Não que a nossa empresa seja racista. Racismo é o
outro ao outro. Não é nem institucional e muito menos estrutural. Em economês básico
o monopólio faz o seu preço. Logo a Petrobras fará o preço dela independente do
que nós, “donos”, dela queremos.
O
preço do combustível não é responsabilidade da Petrobras e sim do mercado.
Nossa empresa faz apenas seu papel de empresa monopolistas. Podemos seguir o
modelo francês que, pensando na próxima guerra, vai reestatizar a EDF - Électricité de France.
Só assim as políticas pensadas pelas elites reformistas poderiam ser aplicadas.
A
responsabilidade social que se pode exigir da Petrobras é concurso público com políticas
de ação afirmativa.
Os
dois temas discutidos mostram os limites do oligopólio e do monopólio dentro do
processo de um “capitalismo periférico”. Por isso, estes limites só poderão ser
ultrapassados através de um intensa luta pela instalação de uma sociedade que
leve em conta a diversidade cultural.
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