sexta-feira, 3 de março de 2023

Negritando os Fatos: juros e combustíveis

 

O programa de pós da APNB, Negritando os Fatos, abordou três temas, quais sejam: Banco Central e os juros; Petrobras e os preços dos combustíveis e Governo e Inteligência Fiscal. Estes temas estão intimamente ligados. Abaixo algumas observações que fizemos.

 

Banco Central e os juros

 

O mercado, que é uma estrutura “modelada por várias instituições (políticas, econômicas, sociais e mesmo culturais” – o grifo é meu – irá atender a instituição mais poderosa. Banco Central e os juros. Em nosso caso, a mais poderosa instituição é a Cultura. Por isso, não cabe um Banco Central independente em um mercado com hipertrofia da Instituição Cultura.

“Juros não se reduz no grito” disse um economista conservador. Eu afirmo exatamente o contrário. Isto é, juros só se derruba no grito, na medida em que em nosso “capitalismo” racismo e juros são causa e efeito. E lula sabe disso. Por isso, ele gritou.

Quem oferta o capital no Brasil são os brancos, uma minoria inexpressiva. Os tomadores são os negros, uma maioria expressiva. O racismo impede que os detentores do capital confie nos tomadores, por isso o juros são alto. Na medida em que ele reflete a confiança entre os agentes.

O Professor Romilson Sousa afirmou o “Banco Central é o Banco dos Bancos”. Em sendo verdade, somos obrigados a concluir que mantendo os juros elevados, o BC está correto.  O oligopólio, a quem o nosso banco central atende, pertence a homens brancos.

Portanto, é preciso democratizar o acesso aos bancos e atividade bancaria, isto só será possível com uma luta contra o racismo.

 

Petrobras e os preços dos combustíveis

Primeiro é preciso ter em conta que a nossa Petrobras é uma empresa privada regida pela lei das SA, inclusive com cotação na Bolsa de Nova.

O monopólio é a mais evidente manifestação econômica do racismo. A nossa Petrobras não poderia ficar de fora. Não que a nossa empresa seja racista. Racismo é o outro ao outro. Não é nem institucional e muito menos estrutural. Em economês básico o monopólio faz o seu preço. Logo a Petrobras fará o preço dela independente do que nós, “donos”, dela queremos.

O preço do combustível não é responsabilidade da Petrobras e sim do mercado. Nossa empresa faz apenas seu papel de empresa monopolistas. Podemos seguir o modelo francês que, pensando na próxima guerra, vai reestatizar a EDF -  Électricité de France. Só assim as políticas pensadas pelas elites reformistas poderiam ser aplicadas.

A responsabilidade social que se pode exigir da Petrobras é concurso público com políticas de ação afirmativa.

Os dois temas discutidos mostram os limites do oligopólio e do monopólio dentro do processo de um “capitalismo periférico”. Por isso, estes limites só poderão ser ultrapassados através de um intensa luta pela instalação de uma sociedade que leve em conta a diversidade cultural.


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