O MOVIMENTO NEGRO QUE VI
5. LUTAS POLÍTICAS: duas concepções
As concepções de luta política contra a discriminação dos afrobrasileiros talvez sejam tão numerosas quantos as línguas faladas em nossa África. Mas vamos nos deter em duas que se afrontam dentro do Partido dos Trabalhadores, que hoje elabora as diretrizes da atuação das duas concepções.
A primeira preconiza que dentro do Partido podem-se conceber muitos avanços na luta contra a discriminação dos Afro-brasileiros. A segunda vaticina que o Partido utiliza-se dos militantes negros para carregar suas bandeiras dos “capas brancos”. Esta concepção esta baseada na desnecessidade da intermediação entre o cidadão e o poder, por isso o desprezo pelas instituições partidárias e instituições de modo geral.
Os defensores da primeira concepção, por conseqüência, se engajaram fortemente na construção do Partido e na luta contra a discriminação, no seu interior. A segunda corrente, acreditando na ineficácia dos partidos, distancia-se destes, contribuindo, como candidatos, de forma limitada, nos momentos de disputas eleitorais.
Em torno da primeira concepção, existe um grupo que desde os primeiros anos do Partido dos Trabalhadores sempre discutiu a questão da discriminação dos afrobrasileiros no interior do partido. Estes acreditavam que o movimento negro daria ferramenta para a intervenção partidária, de tal forma que, na questão da discriminação contra os afro-brasileiros, o Partido repetiria os discursos das instituições sociais negras nas quais militavam.
Nestes quase trinta anos eles criaram comissões, coordenações, coletivos, secretarias, encontros etc. Dentro do Movimento Negro estes militantes sempre foram taxados de tentarem influenciá-lo de acordo com as ordens de “seus capas”, como diziam. Alguns foram mesmo discriminados no interior de algumas entidades, impedidos de assumir Coordenações Municipais ou fazerem parte das Coordenações nacional, como foi o meu caso.
O segundo segmento acredita que a luta dos afrobrasileiros no interior dos partidos não tem futuro, pois a cultura eurocêntrica dentro destes cria dificuldades a compreensão da questão dos afro-brasileiros. Em conseqüência, suas participações são pontuais, algumas vezes como candidatos. Mas não participam de construção de comissões, coordenações, coletivos, secretarias, encontros etc. Defendem publicamente que os negros dentro dos partidos e das correntes políticas de alguns partidos são marionetes da ideologia destes.
Com efeito, abstraindo os exageros, as agressões e os lugares comuns de alguns discursos, é forçoso reconhecer que a segunda concepção acerta ao insistir na incapacidade do Partido ou dos partidos de encampar demandas especificas dos segmentos afro-descentes majoritários da sociedade. Este acerto se verifica empiricamente na absorção dos formuladores da segunda concepção em cargos sem expressão política e em posição não estratégica na formulação de políticas públicas.
Entretanto, os integrantes da primeira opção, a qual me filio, devem continuar construindo a luta partidária, como tem sido construída por um conjunto de afro-brasileiros, que ocupam funções de expressão política e estratégicas dentro do Partido e nos governos que o Partido vem conquistando. Portanto, se a segunda concepção acerta no curto prazo em aproveitar as oportunidades imediatas; o segundo grupo, acerta no longo prazo construindo uma alternativa segura de construção institucional, que é um partido político.
Prof. Nilo Rosa
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Mais ciência e tecnologia para nossas universidades
O pacto federativo começou a ser restabelecido com a recente decisão da Presidenta Dilma de dar início ao processo de instalações de duas universidades na Bahia. Com efeito, estados com importância econômica e política próximas ao nosso abrigam um número de instituições públicas de ensino superior público algumas vezes o nosso: Minas gerais, 6 vezes; Rio Grande do Sul, 3 vezes. Portanto, a decisão chega tarde, mas..., antes tarde do que nunca.
É evidente que esperamos muito mais. Queremos levar o ensino superior ao Semi-arido, região importante, mas sem um centro universitário local; queremos a universidade federal de Vitória da Conquista, importante polo econômico e populacional. Acreditamos que muitas demandas justas irão aparecer, assim que as recentes decisões forem implementadas e os resultados econômicos, políticos e sociais forem surgindo nas respectivas regiões.
Entretanto, a concentração de cursos de pós-graduação em poucos estados da federação além de agravar a violência ao pacto federativo, impede a produção de ciência e tecnologia em nossas instituições; por isso, estas decisões devem ser imediatamente complementadas com a descentralização da autorização de cursos de pós-graduação. De fato, apenas três estados da federação concentram quase 70% dos cursos de pós-graduação, razão de ser de uma universidade. Esta concentração tem sido prejudicial ao desenvolvimento tecnológico e cientifico do país, nossas melhores universidades estão nas piores colocação no “ranking” mundial e o país, idem na produção de ciência e tecnologia. Esta violenta concentração, impede a competição.
As lutas no interior das atuais e futuras universidades devem ser no sentido de trazer para os estados nordestinos a responsabilidade da autorização e implantação de cursos de mestrados e doutorados para os atuais e futuros formandos das nossas instituições de ensino, pois não existe universidades sem pesquisa e esta é papel dos cursos de pós-graduação. O financiamento e as bolsas devem continuar com as agências federais, resgatando o equilíbrio federativo, dentro de um espirito de justiça equitável de reparação histórica ao Nordeste.
Portanto, para tirar o país do atraso, a luta por mais universidades na Bahia e no Nordeste deve ser acompanhada da luta pela descentralização dos cursos de pós-graduação para os estados única forma de liberar a produção cientifica e tecnológica do país.
Prof. Nilo Rosa
terça-feira, 16 de agosto de 2011
O MOVIMENTO NEGRO QUE VI
5. LUTAS POLÍTICAS: duas concepções
As concepções de luta política contra a discriminação dos afrobrasileiros talvez sejam tão numerosas quantos as línguas faladas em nossa África. Mas vamos nos deter em duas que se afrontam dentro do Partido dos Trabalhadores.
A primeira preconiza que dentro dos partidos se pode conceber muitos avanços na luta contra a discriminação dos afrobrasileiros. A segunda preconiza que os partidos utilizam-se dos militantes negros para carregar suas bandeiras. Esta concepção esta baseada na desnecessidade da intermediação entre o cidadão e o poder, por isso o desprezo pelas instituições partidárias.
Os defensores da primeira concepção, por consequência, se engajaram fortemente na construção do Partido e na luta contra a discriminação, no seu interior. A segunda corrente, acreditando na ineficácia dos partidos, distanciam-se destes, contribuindo, como candidatos, de forma limitada, nos momentos de disputas eleitoral.
Em torno da primeira concepção, existe um grupo que desde os primeiros anos do Partido dos Trabalhadores sempre discutiu a questão da discriminação dos afrobrasileiros no interior do Partido. Estes acreditavam que o movimento negro daria ferramenta para a intervenção partidária, de tal forma que, na questão da discriminação contra os afrobrasileiros, o Partido faria os discursos das instituições sociais negras onde militavam.
Nestes quase trinta anos eles criaram comissões, coordenações, coletivos, secretarias, encontros etc. Dentro do Movimento Negro estes militantes sempre foram taxados de tentarem influenciá-lo de acordo com as ordens de “seus capas”, como diziam. Alguns foram mesmo discriminados no interior de algumas entidades, impedidos de assumir Coordenações Municipais ou fazerem parte de Coordenações nacionais, como foi o meu caso.
O segundo segmento acredita que a luta dos afrobrasileiros no interior dos partidos não tem futuro, pois a cultura eurocêntrica dentro destes cria dificuldades a compreensão das questões específicas dos afrobrasileiros. Em consequência, suas participações são pontuais, algumas vezes como candidatos. Mas não participam de construção de comissões, coordenações, coletivos, secretarias, encontros etc. Defendem publicamente que os negros dentro dos partidos e das correntes políticas de alguns partidos são marionetes da ideologia destes.
Com efeito, abstraindo os exageros, as agressões e os lugares comuns de alguns discursos, é forçoso reconhecer que a segunda concepção acerta ao insistir na incapacidade do Partido de encampar demandas especificas dos segmentos numericamente majoritários da sociedade. Este acerto se verifica empiricamente na absorção dos formuladores da segunda concepção em cargos sem expressão política e em posições pouco estratégicas na formulação de políticas públicas.
Prof. Nilo Rosa
As concepções de luta política contra a discriminação dos afrobrasileiros talvez sejam tão numerosas quantos as línguas faladas em nossa África. Mas vamos nos deter em duas que se afrontam dentro do Partido dos Trabalhadores.
A primeira preconiza que dentro dos partidos se pode conceber muitos avanços na luta contra a discriminação dos afrobrasileiros. A segunda preconiza que os partidos utilizam-se dos militantes negros para carregar suas bandeiras. Esta concepção esta baseada na desnecessidade da intermediação entre o cidadão e o poder, por isso o desprezo pelas instituições partidárias.
Os defensores da primeira concepção, por consequência, se engajaram fortemente na construção do Partido e na luta contra a discriminação, no seu interior. A segunda corrente, acreditando na ineficácia dos partidos, distanciam-se destes, contribuindo, como candidatos, de forma limitada, nos momentos de disputas eleitoral.
Em torno da primeira concepção, existe um grupo que desde os primeiros anos do Partido dos Trabalhadores sempre discutiu a questão da discriminação dos afrobrasileiros no interior do Partido. Estes acreditavam que o movimento negro daria ferramenta para a intervenção partidária, de tal forma que, na questão da discriminação contra os afrobrasileiros, o Partido faria os discursos das instituições sociais negras onde militavam.
Nestes quase trinta anos eles criaram comissões, coordenações, coletivos, secretarias, encontros etc. Dentro do Movimento Negro estes militantes sempre foram taxados de tentarem influenciá-lo de acordo com as ordens de “seus capas”, como diziam. Alguns foram mesmo discriminados no interior de algumas entidades, impedidos de assumir Coordenações Municipais ou fazerem parte de Coordenações nacionais, como foi o meu caso.
O segundo segmento acredita que a luta dos afrobrasileiros no interior dos partidos não tem futuro, pois a cultura eurocêntrica dentro destes cria dificuldades a compreensão das questões específicas dos afrobrasileiros. Em consequência, suas participações são pontuais, algumas vezes como candidatos. Mas não participam de construção de comissões, coordenações, coletivos, secretarias, encontros etc. Defendem publicamente que os negros dentro dos partidos e das correntes políticas de alguns partidos são marionetes da ideologia destes.
Com efeito, abstraindo os exageros, as agressões e os lugares comuns de alguns discursos, é forçoso reconhecer que a segunda concepção acerta ao insistir na incapacidade do Partido de encampar demandas especificas dos segmentos numericamente majoritários da sociedade. Este acerto se verifica empiricamente na absorção dos formuladores da segunda concepção em cargos sem expressão política e em posições pouco estratégicas na formulação de políticas públicas.
Prof. Nilo Rosa
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