terça-feira, 3 de dezembro de 2013

É a política estúpidos

É a política estúpidos

Os indicadores sociais da Bahia por longo tempo estiveram estacionados nas piores posições no Brasil. O longo período de estagnação econômica que o Estado viveu a partir do declínio da exploração do açúcar e da transferência da capital para o Sudeste foi acompanhado de um forte crescimento econômico sem que houvesse, entretanto, melhora no padrão nos indicadores sociais.

Nos últimos anos, apesar da pequena melhora, estes índices dentro do ranking nacional, não alterou a situação da Bahia. Com efeito, estamos na vigésima segunda posição nos números apresentados para 2013.  Esta posição torna-se inexplicável, quando constatamos o potencial econômico encontrado no Estado. Urge, portanto, encontrarmos uma explicação para este triste fenômeno.

Muitos dos que pensam nosso Estado atribuem este fenômeno a aspectos econômicos, culpam a falta de infraestrutura, exemplificando com o estado da malha ferroviária e rodoviária, carências portuárias, dentre outros. Por isso, insistem na necessidade de trazer para o Estado recursos para melhorias nas tais atividades exemplificadas. De fato, temos uma carência de infraestrutura, temos problemas portuários e muitos outros. Mas, quase todos os estados os têm; e outros ainda mais graves. Logo, embora devamos reconhecer a necessidade de melhorias, devemos relativizá-los para justificar nosso atraso.

Em nossa opinião, nosso atraso decorre da falta da mediação política. No longo período de estagnação econômica, esta foi praticamente inexistente. No período de forte crescimento econômico dos últimos cinquenta anos, a intermediação política ficou condicionada as duas vertentes das elites culturais. Nos primeiros, quarenta anos, isto é, 1960 até 2000, a elite cultural conservadora dirigiu o Estado, mantendo uma reduzida mediação política mesmo com seus aliados. Era a época da “politica do chicote”.

Com a ameaça da ascensão de representantes das elites culturais progressistas e elites insurgentes, ouve, como reação, uma tentativa de intermediação politica de parte dos setores da elite cultural conservadora. Esta tentativa, além de tímida, foi fortemente controlada pelo “Führer” desta elite. Este tentou controlar a elite cultural progressista em crescimento e seus antigos e expurgados aliados através de métodos nada éticos.

A consequência era previsível. A arca da aliança entre a elite cultural progressista e os expurgados da elite cultural conservadora, impulsionada pelos ventos das mudanças nacionais, deslocou os setores da elite conservadora para a oposição. Este processo, obrigatoriamente, teve uma forte intermediação politica. Esta intermediação política foi muito importante para o Estado no inicio desta estranha coalizão. No entanto, os métodos e as praticas da elite conservadora, em nosso Estado, não foram abandonados, mas sim radicalizado com a “política do troca troca”.

Violar painel do Congresso é um crime contra o Estado. Fazer escuta telefônica é violar a intimidade do cidadão, portanto é um crime contra a humanidade. Mas, o mais prejudicial dos crimes cometidos foi assassinar a política. Isto foi feito no Estado nos últimos 50 anos. Cessar este crime deveria ter sido a primeira obrigação de um governante que se quer progressista.


Concluímos, utilizando uma expressão de um importante intelectual insurgente de nosso Estado, Prof. Milton Santos: “Daí a relevância da política, isto é, da arte de pensar as mudanças e de criar as condições para torna-las efetivas”. Isto é, com “chicote ou troca troca”, voltaremos ao passado.

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