O saco de bondades para os
empresários e de maldades para os empreendedores afro-brasileiros
Os americanos no
auge da crise aplicaram várias medidas de caráter expansionistas,
chegando até ao ponto de se tornarem acionistas de fábricas de automóveis, que
depois venderam com lucro. Com tais medidas os eles exportarão a crise para o
resto do mundo. Isto porque eles têm uma economia aberta e por isso eficiente. Em
seu recente discurso no Congresso sobre estado da nação o Presidente
Obama afirmou que a crise é coisa
do passado.
Agora mesmo o Banco
Central da Europa – BCE tomou a decisão de comprar títulos da dívida dos
países da zona euro, que estão na posse dos bancos, isto vai injetar bilhões de
euro no mercado, dando grande incentivo às economias que estão na beira
da recessão. Em palavras diretas, o BCE vai imprimir bilhetes e comprar as dívidas
dos países, vai gerar uma pequena inflação, digamos corretiva.
No Brasil, medidas
como estas são impossíveis porque nossa economia é fechada para proteger
ineficientes empresários. Por isso, as medidas vão sempre de encontro aos
interesses dos segmentos desprotegidos, que, por mais paradoxal que pareça, só
servem para eleger presidentes. Embora sejam desprotegidos, estes setores são
altamente eficientes, a pesar da “discriminação negativa” a que estão sempre
submetidos.
Nas palavras do
Ministro da Fazenda, « É uma
sequência de ações que estão sendo tomadas para reequilibrar a economia
e particularmente o ponto fiscal, com o objetivo de aumentar a
confiança » Joaquim Levy. De um governo recém-eleito esperasse
medidas que vão ao encontro dos eleitores que, ao votar, confiaram nele e não em
busca da confiança de setores do mercado que não acreditou no governo.
Não se pode afirmar
que as medidas anunciadas sejam um “saco de maldades” como apregoou os
defensores de cortes de despesas e porta-vozes do caos na imprensa. As
medidas são ruins para a sociedade, mas são boas para os ineficientes
empresários. Os aumentos de impostos indiretos só prejudica o cidadão, mas dão
margem aos empresários para culpar o estado pela “elevada carga tributária“.
Camuflando com isto suas ineficiências na gestão dos recursos, principalmente
os humanos.
Abaixo fazemos
alguns comentários sobre o sentido das medidas. Salta à vista a preocupação em não
desagradar poderosos setores econômicos. Por isso o ataque indireto aos mais
fracos.
A Contribuição de
Intervenção sobre o Domínio Econômico (Cide) vai impactar de forma direta toda
a sociedade. Principalmente os pequenos comerciantes, taxistas, transportadores
que utilizam viaturas para seus negócios. Os empresários afro-brasileiros
continuarão a ter seus custos pressionados e sem acesso ao crédito. Ao
contrário, o aumento do IOF para as pessoas físicas é uma tributação direta, mas
é preciso entender que muitos pequenos empreendedores utilizam operações
de crédito, principalmente o consignado para formar capital de giro ou fazer
pequenos investimentos. É muito comum servidores públicos federais, estaduais e
municipais levantarem pequenos empréstimos consignados para compor “guias” para
seus descendentes e amigos que estão empreendendo.
Aumentos do
PIS/Cofins e alteração na forma de tributação da indústria de Cosméticos,
sempre recaem nos cidadãos. No caso dos cosméticos, atinge aos milhares de
pequenos salões de beleza comando por afro-brasileiras. Neste caso, a
compensação deveria ser fornecimento capital de giro a custo subsidiado pelo
governo federal.
Em última palavra
são medidas que prejudicam o cidadão, principalmente os afro-brasileiros. Estes
terão que trabalhar mais para produzir a mesma quantidade de riqueza. Da
riqueza produzida, parte irá para os cofres dos governos. Outra parte irá para
o lucro dos empresários que não pagam imposto.
Por último, o veto à
correção da tabela do IR foi uma medida correta, pois imposto de renda das
pessoas físicas é uma tributação direta. Deveria haver uma diminuição dos
impostos das pessoas jurídicas, imposto indireto que é repassado ao
contribuinte no custo dos produtos. Não que isto tornaria as empresas mais
competitivas, mas tiraria dos ineficientes empresários uma desculpa para seus péssimos
desempenho.
Portanto, é licito
afirmar que as medidas tomadas pela equipe econômica vão de encontro aos
eleitores da Presidenta e ao encontro dos ineficientes empresários. É indispensável
o aumento da arrecadação, mas outras
medidas são viáveis.
Para melhorar o
caixa do Estado, o governo poderia regulamentar o imposto sobre as grandes
fortunas já previsto na Constituição. Poderia também suspender o sucateamento
da Secretaria da Receita Federal, contratando mais auditores, analistas, auxiliares
e outros funcionários para estancar a sonegação. Ainda poderia como pacote de
maldade para a classe media e rica, limitar muitas deduções fiscais constantes
na declaração anual de IR.
Para gerar
riquezas, é indispensável aumentar a inclusão social, cultural, política e
econômica dos Afro-brasileiros. Uma proposta é facilitar o acesso
ao crédito para a sociedade passiva de M. Santos, concedendo juros subsidiados.
É esta sociedade que produz riquezas. Outras políticas universais focadas
neste segmento são inadiáveis, se quisermos
definitivamente entrar no capitalismo.
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