Sem confiança
As medidas tomadas pela equipe econômica poderiam trazer bons resultados
se fossem aplicadas em um país capitalista. Mas para o Brasil, elas são
ineficazes. Não somos capitalistas estrito senso. Neste sistema a existência de
confiança entre os agentes é fundamental.
“Credere” palavra latina na origem de crer, acreditar, e também da
palavra crédito. Numa sociedade com hipertrofia da instituição cultural no
mercado a confiança é o elemento decisivo. Somente aqueles em quem os
detentores do capital confiam são destinados os recursos indispensáveis para
produzir riquezas. Neste momento, o racismo manifesta-se como restrição a
liberdade de acesso equitável ao credito bancário.
A política de financiamento público focado se dá através do BNDES, quando
o governo empresta aos grandes grupos empresariais vultosas quantias com juros
reduzidos e a perder de vista. Um economista conservador afirmou que o
Ministério do Desenvolvimento Social dá a bolsa família para os pobres e o
BNDES dá a bolsa família para os ricos. É impossível negar o “racismo
instituição” praticado por este banco dito social, assim como o praticado pelo
Banco Central, dito neutro e técnico, nas políticas de controle das taxas de
juros.
Para que haja investimento é indispensável que haja capital. No capitalismo,
como o próprio nome diz, o capital é a mola propulsora do progresso. Os
empreendedores afro-brasileiros majoritários na sociedade passiva “Milton
Santos`` da são o exemplo típico de empresários que não tem confiança dos donos
de capital, todos da elite cultural conservadora. E, muito menos dos bancos
públicos, controlados pelas elites conservadora e progressista.
A economia popular, chamada pejorativamente de ´´mercado informal” é o
setor que mais emprega na economia. Este setor é verdadeiramente o setor
dinâmico da economia ´´Milton Santos´´. Nele os Afro-brasileiros representam em
torno de 50%, no caso da Bahia, mais de 90%. Esta peculiaridade obriga as
elites culturais a manter uma elevada taxa de juros. Logo, de impossível
acesso.
Portanto, é indispensável que o capitalismo
brasileiro se modernize e inclua a maioria dos empreendedores em seus
instrumentos de promoção econômica.
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