SEM CAPITAL
Recentemente o Bank Of America teve um multa mais de trezentos milhões
de dólares em decorrência de um processo que o condenou por discriminação no
fornecimento de crédito aos afro americanos e hispânicos. A estes segmentos
sociais este banco cobra juros mais elevados.
A justiça americana agindo como aparelho de estado regulou a relação.
Este procedimento seria totalmente impossível no capitalismo brasileiro.
Sem um equitável acesso ao credito, não haverá saída para o desenvolvimento
Brasileiro. Chamo de equitável acesso ao credito, politicas econômicas
universalistas focadas “Helio Santos”, que reparem os séculos de exclusão dos
afro-brasileiros deste indispensável instrumento de desenvolvimento.
O Banco Central deve ter aquilo que Hélio Santos chama de politica
universal focada. Os empreendedores afro-brasileiros devem ter linhas de
credito direto do Ministério da Fazenda a juros que permitam a reprodução do
capital em condições equitaveis com o grande capital, quais sejam, prazo de
carência e longo prazo de pagamento.
Isto só poderá ser conseguido através de uma longa luta politica. Esta
luta deve ser capitaneada pelos intelectuais que Milton Santos chama de
intelectuais públicos. Estes intelectuais devem construir organizações
insurgentes. Isto é organizações não atreladas aos interesses do estado. Devem
questionar as categorias impostas pelos intelectuais das elites culturais. Só
desta forma é possível construir um
verdadeiro desenvolvimento.
Através de um política universal de juros focada nos setores,
localidades e atividades onde atuam, residem os afro-brasileiros, será possível
desatar o laço do nosso crescimento econômico. Com juros reais baixos os
empreendedores afro-brasileiros poderão aumentar a produção de riqueza.
Entretanto, como diz Hélio SANTOS, “os
juros reais ... podem cair e se aproximar de zero, mesmo assim não creio que
teremos os empregos no volume que necessitamos. Haverá e já há um soluço de
crescimento – jamais desenvolvimento verdadeiro”. Tendo em vista que a discriminação contra os
empreendedores afro-brasileiros prejudica toda a economia nacional, ela deve
ser entendida como restrição a liberdade individual, logo ela é uma barreira a
capacidade de geração de riqueza. Por isso, a luta deve ir além do econômico.
Não falta capital quando os interessados são grandes especuladores e aventureiros. As aplicações do BNDES
comprovam as vultosas doações a este segmento. Nos últimos anos o Tesouro
Nacional faz pesadas transferências a este banco dito social para socorrer seu
caixa na farra dos empréstimos a investimentos de retorno duvidosos. A mesmas
práticas se repetem nos bancos de fomento estaduais. Assim, são bilhões de
reais desperdiçados com a economia especulativa.
Por outro lado, a econômica produtiva necessita de repor “as guias” para
girar seus negócios. Os empreendedores deste segmento precisam recorrer a
parentes e amigos para levantar os recursos necessários. Com muito sacrifício
estes empreendedores acumulam para construir suas residências, educar seus
filhos. Em fim, tocar suas vidas, mas sem capacidade de expandir seus negócios,
uma vez que estão a todo tempo sendo acossado pelos agentes do terror estatal,
sua polícia administrativa.
Podemos concluir que o racismo institucional tem papel decisivo no
atraso das atividades econômicas. Os bancos privados discriminam os afro-brasileiros
negando a estes o capital necessário à expansão de seus negócios. Já os bancos públicos
comerciais achacam seus clientes com suas consignações com juros exorbitantes enquanto
os bancos públicos de fomento sustentam empreendimentos sem possibilidade de
retorno.
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