domingo, 18 de outubro de 2015

Inflação e crise política : o papel dos afro-brasileiros

Inflação e crise política : o papel dos afro-brasileiros



            A inflação no Brasil não pode ser tratada como um problema econômico isolado da problemática cultural da sociedade. As elites culturais constroem projetos que perpetuam o controle da sociedade, com isso garantem seus privilégios. Em contrapartida, agravam as dificuldades da maioria da população, principalmente as dos afro-brasileiros. Portanto, sem uma discussão do processo de discriminação não será possível a estabilidade de preços entre nós.
O Brasil sempre conviveu com inflação elevada. Em cerca de oitenta anos, a partir do fim da “republica do café com leite”, poucos foram os períodos em que os índices ficaram abaixo dos dois dígitos. Mesmo durante o período do festejado do inventor do “Plano Real”, apenas três dos oito anos, os índice ficaram abaixo de dois dígitos. Portanto, este fenômeno faz parte de nossa economia que é incapaz de produzir riquezas.
A persistente elevação dos preços é um fenômeno decorrente da incapacidade das elites de construírem um projetos sociais. Estes, quando construído, beneficiam setores destas elites e segmentos que lhes dão apoio. O irresoluto conflito da sociedade brasileira, qual seja, a incapacidade de lutar contra a discriminação dos afro-brasileiros, majoritários na população, impede o aparecimento de projetos que propiciem a produção de riqueza.
As crises políticas disparam os preços a níveis absurdos em decorrência da incerteza que elas trazem aos segmentos hegemônicos. Algumas vezes, estas crises foram construídas pelos líderes destas segmentos com o objetivo de impedir o avanço de determinados segmentos. Isto porque eles detém controle dos instrumentos que influenciam a opinião pública, com isso, conseguem construir soluções que vão ao encontro de seus interesses.
Os índices atuais estão abaixo do confortável nível suportado pelas elites. Entretanto, o “projeto” político no poder tem uma perigosa aproximação com segmentos historicamente marginalizados da sociedade, por isso é necessário construir uma crise que, faça disparar os índices e, consequentemente, interrompa o avanço deste processo, pela ruptura institucional. Desta aproximação resultou a Lei 10.639/02, o PROUNI, as cotas universitárias, as cotas em concursos públicos. Estas reformas compensatórios ameaçam a continuidade da dominação cultural.
As elites impedem o surgimento de um base empresarial forte.  Se você é incapaz de incluir na  produção de riqueza, isto é, criar uma  base empresarial atuante,  a mínima riqueza produzida deverá ser dividida por um número maior de indivíduos, por isso a divisão é desigual. Mesmo sendo esta divisão desigual, o Estado terá um papel importante na apropriação e alocação de boa parte dela.
Portanto, os preços no Brasil são altos porque não se produz riqueza necessária para todos. E não se produz riqueza necessária porque se nega aos empresários afro-brasileiros o instrumento necessário a produção de riqueza, qual seja a liberdade para produzir.


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