Inflação e crise
política : o papel dos afro-brasileiros
A inflação no Brasil não pode ser tratada como um
problema econômico isolado da problemática cultural da sociedade. As elites
culturais constroem projetos que perpetuam o controle da sociedade, com isso
garantem seus privilégios. Em contrapartida, agravam as dificuldades da maioria
da população, principalmente as dos afro-brasileiros. Portanto, sem uma discussão
do processo de discriminação não será possível a estabilidade de preços entre
nós.
O Brasil sempre conviveu com inflação
elevada. Em cerca de oitenta anos, a partir do fim da “republica do café com
leite”, poucos foram os períodos em que os índices ficaram abaixo dos dois
dígitos. Mesmo durante o período do festejado do inventor do “Plano Real”,
apenas três dos oito anos, os índice ficaram abaixo de dois dígitos. Portanto,
este fenômeno faz parte de nossa economia que é incapaz de produzir riquezas.
A persistente elevação dos preços é um
fenômeno decorrente da incapacidade das elites de construírem um projetos
sociais. Estes, quando construído, beneficiam setores destas elites e segmentos
que lhes dão apoio. O irresoluto conflito da sociedade brasileira, qual seja, a
incapacidade de lutar contra a discriminação dos afro-brasileiros, majoritários
na população, impede o aparecimento de projetos que propiciem a produção de
riqueza.
As crises políticas disparam os preços a
níveis absurdos em decorrência da incerteza que elas trazem aos segmentos
hegemônicos. Algumas vezes, estas crises foram construídas pelos líderes destas
segmentos com o objetivo de impedir o avanço de determinados segmentos. Isto
porque eles detém controle dos instrumentos que influenciam a opinião pública,
com isso, conseguem construir soluções que vão ao encontro de seus interesses.
Os índices atuais estão abaixo do
confortável nível suportado pelas elites. Entretanto, o “projeto” político no
poder tem uma perigosa aproximação com segmentos historicamente marginalizados
da sociedade, por isso é necessário construir uma crise que, faça disparar os
índices e, consequentemente, interrompa o avanço deste processo, pela ruptura
institucional. Desta aproximação resultou a Lei 10.639/02, o PROUNI, as cotas
universitárias, as cotas em concursos públicos. Estas reformas compensatórios
ameaçam a continuidade da dominação cultural.
As elites impedem o surgimento de um base
empresarial forte. Se você é incapaz de
incluir na produção de riqueza, isto é,
criar uma base empresarial atuante, a mínima riqueza produzida deverá ser
dividida por um número maior de indivíduos, por isso a divisão é desigual.
Mesmo sendo esta divisão desigual, o Estado terá um papel importante na
apropriação e alocação de boa parte dela.
Portanto, os preços no Brasil são altos
porque não se produz riqueza necessária para todos. E não se produz riqueza
necessária porque se nega aos empresários afro-brasileiros o instrumento
necessário a produção de riqueza, qual seja a liberdade para produzir.
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