sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

O Engodo da Divida Pública


Discutir uma dívida sem detalhar o papel de quem é credor é desconhecer a possiblidade da violenta agiotagem que historicamente o povo brasileiro está submetido em seu processo histórico, principalmente os Afro-brasileiros. Estes sustentam as elites culturais com seu trabalho e sua criatividade. Vamos mostrar que este processo de agiotagem está presente no endividamento do Estado Brasileiro.

A face oculta da dívida pública é o investimento do governo em empresas de baixa produtividade. Os bilhões pagos a título de juros regam empresas privadas e privatizadas como Oi e “Vale” do Rio Doce, por exemplo. Esses exemplos são de empresas que oferecem péssimos serviços ou desgraças coletivas como foi o desastre provocado pela Vale em Mariana e a OI campeã em reclamação de usuários. São empresas incapazes de estar no mercado, sem a muleta do governo. Estas empresas são incapazes de fazer seus capitais se reproduzirem em decorrência da incapacidade de combinar eficientemente seus recursos produtivos, o principal deles, a mão de obra, é contratada sem preocupação com a eficiência produtiva, apenas a cor da pele ou a cor dos olhos importa.

O governo esta sendo obrigado a reservar quase um trilhão de reais para “pagar” os juros da dívida pública”. Esta astronômica quantia é repassada por instituições pelas quais o governo é, direta ou indiretamente, responsável. Com efeito, o governo federal detém, de forma indireta, o controle de quase metade de sua dívida, através dos mais importantes fundos de pensão (PREVI, PETROS, FUNCEF etc) e de suas grandes instituições financeiras (Banco do Brasil, Caixa Econômica, BNDES,). Na rubrica de “Dívida Pública”, estas doações não se sujeitam a qualquer controle público. Portanto, faz-se mister que esta imoral sangria se interrompa.

Para isto, o governo deve exigir eficiência no retorno do capital que ela “doa”  a essas empresas, através da farsa do “pagamento de juros”. Para isto, a contratação dos empregados das empresas com investimentos dos fundos de pensão e das instituições financeiras devem estar  de acordo com seus atributos produtivos, afim de dar eficiência a estes investimentos. Se os fundos de pensão e as instituições financeiras exigirem o retorno demandado pelo governo, eles deixaram de recorrer ao tesouro, através da farsa do recebimento dos juros para a continuidade de suas sobrevivências. Os fundos de pensão e as instituições financeiras devem vender as ações destas empresas e exigirem o imediato pagamentos dos empréstimos que fizeram e aplicar o volumoso recursos na “sociedade passiva” (Milton Santos).

Outra solução, mais traumática, é se retirar do controle destas instituições através de uma renegociação da dívida, sabendo que, no caso dos fundos de pensão, o trauma recairá sobre os aposentados sustentados por eles e, no caso das instituições financeiras, recairá sobre os trabalhadores das empresas por elas financiadas, viciadas com juros subsidiados pela sociedade, principalmente através do BNDES. Alongar a “dívida” é despejar menos dinheiro na conta destas instituições. Isto pode dispensar a já falada reforma da previdência. Reforma esta que, em última instância, significa socializar para todos que produzem riqueza a incompetência de alguns agentes econômicos.

Por tudo que foi exposto fica a impressão de que existe um interesse das elites culturais em manter uma penumbra na aplicação dos  recursos públicos não o submetendo a nenhuma transparência, dispensando a integração produtiva dos segmentos da sociedade real, mantendo estes segmentos na marginalidade.


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