O
contexto político na América Latina pode servir para entender o que ocorre no
Brasil. A dificuldade de convívio com o “Outro” está na base das atuais
insatisfações das elites, principalmente as conservadoras. As soluções adotadas
desprezam o apoio popular quase sempre manipulado.
As
atuais crises políticas na Americana Latina tem natureza diferente, embora
existam alguns fatores comuns. Algumas são oriundas de políticas econômicas, como
na Argentina e Chile; outras decorrem de incapacidade de convivência cultural
com o outro: Venezuela, Bolívia e Brasil. Todas procuram suas soluções
sacrificando os segmentos secularmente marginalizados, poucos identificados com
as elites hegemônicas dos países.
A
Argentina e o Chile experimentaram modelos econômicos que levaram a atual crise
política. No Chile o modelo econômico do sanguinário ditador levou a população
à exaustão. Na virada Argentina as elites reformistas reagiram a tempo e
impuseram uma ideológica. É importante repetir: a Argentina não está em crise
política, em eleições livres a oposição levou no primeiro turno. Prova evidente
de maturidade política.
A
longa crise política na Venezuela, decorre da incapacidade das elites culturais
daquele país de convívio com o “outro”. O fator “petróleo” é um elemento
agravante, pois esta riqueza democraticamente distribuída, principalmente se
for usada como um instrumento de reparação, poderia desiquilibrar a hegemonia cultural
da elite conservadora.
A
queda de Evo Morales, o primeiro presidente descendentes dos povos originários
da América Latina tem origem muito parecida com a longa crise que esta
envolvida a vizinha Venezuela. Os restos mostrados pelas tvs que festejam, nas
ruas a queda de Evo, não se assemelham aos dos povos originários. Estavam mais
para os descendentes dos “Almagro,
Alvarado, Lederman, Cortéz” comandantes que ordenaram os extermínios
varias culturas na América do Sul. Com efeito, os Astecas, os Maias e os Incas
assemelham-se aos partidários de Evo Morales enquanto os manifestantes que
vimos nas telas, aos exterminadores do passado.
No
Brasil, apesar do convívio “cordial”, as desigualdades entre os segmentos
étnicos são enormes. Aqui, a crise econômica foi construída para estruturar o
impasse político. As mudanças que se avizinhavam eram frutos das tênues medidas
que poderiam desequilibrar a disputa cultural, tomadas nos governos de Lula da
Silva e Dilma Roussef. A queda das desigualdades iria ao encontro do segmento
secularmente marginalizado, detentor de um patrimônio cultural que se procura
exterminar.
Portanto,
é a Cultura que motiva a disputa política na América Latina, agravada no
entanto por algumas questões econômicas e sociais Por isso, faz-se
indispensável um enfrentamento no campo especifico da Cultura.