quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Democracia Impossível


O contexto político na América Latina pode servir para entender o que ocorre no Brasil. A dificuldade de convívio com o “Outro” está na base das atuais insatisfações das elites, principalmente as conservadoras. As soluções adotadas desprezam o apoio popular quase sempre manipulado.

As atuais crises políticas na Americana Latina tem natureza diferente, embora existam alguns fatores comuns. Algumas são oriundas de políticas econômicas, como na Argentina e Chile; outras decorrem de incapacidade de convivência cultural com o outro: Venezuela, Bolívia e Brasil. Todas procuram suas soluções sacrificando os segmentos secularmente marginalizados, poucos identificados com as elites hegemônicas dos países.

A Argentina e o Chile experimentaram modelos econômicos que levaram a atual crise política. No Chile o modelo econômico do sanguinário ditador levou a população à exaustão. Na virada Argentina as elites reformistas reagiram a tempo e impuseram uma ideológica. É importante repetir: a Argentina não está em crise política, em eleições livres a oposição levou no primeiro turno. Prova evidente de maturidade política.

A longa crise política na Venezuela, decorre da incapacidade das elites culturais daquele país de convívio com o “outro”. O fator “petróleo” é um elemento agravante, pois esta riqueza democraticamente distribuída, principalmente se for usada como um instrumento de reparação, poderia desiquilibrar a hegemonia cultural da elite conservadora.

A queda de Evo Morales, o primeiro presidente descendentes dos povos originários da América Latina tem origem muito parecida com a longa crise que esta envolvida a vizinha Venezuela. Os restos mostrados pelas tvs que festejam, nas ruas a queda de Evo, não se assemelham aos dos povos originários. Estavam mais para os descendentes dos “Almagro, Alvarado, Lederman, Cortéz” comandantes que ordenaram os extermínios varias culturas na América do Sul. Com efeito, os Astecas, os Maias e os Incas assemelham-se aos partidários de Evo Morales enquanto os manifestantes que vimos nas telas, aos exterminadores do passado.

No Brasil, apesar do convívio “cordial”, as desigualdades entre os segmentos étnicos são enormes. Aqui, a crise econômica foi construída para estruturar o impasse político. As mudanças que se avizinhavam eram frutos das tênues medidas que poderiam desequilibrar a disputa cultural, tomadas nos governos de Lula da Silva e Dilma Roussef. A queda das desigualdades iria ao encontro do segmento secularmente marginalizado, detentor de um patrimônio cultural que se procura exterminar.

Portanto, é a Cultura que motiva a disputa política na América Latina, agravada no entanto por algumas questões econômicas e sociais Por isso, faz-se indispensável um enfrentamento no campo especifico da Cultura.

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