Mercado, discriminação e
corrupção estão intimamente ligados ao nosso atraso político, econômico e
social. No desenvolvimento lento do nosso processo civilizatório estas três
instituições são decisivas para a sua compreensão. Na estrutura de nosso
mercado, a discriminação tem papel preponderante, como veremos.
A discriminação no mercado de trabalho está na
razão indireta da produtividade e na razão direta da corrupção. Ou seja, quanto
mais discriminação menor será a produtividade e maior será a corrupção. Os agentes
do capital sabem que não perdem quando fazem escolhas levando em consideração
suas preferências pessoais. Por isso, escolhem fatores que muitas vezes não estão
de acordo com o retorno do capital envolvido.
A
produtividade é ainda mais prejudicada nas sociedades onde o segmento
discriminado é numericamente majoritário. Este fenômeno pode ser bem notado nas
sociedades colonizadas. Nestas sociedades, o desenvolvimento sustentável é
impossível, na medida que os discriminados, via de regra são portadores de
outros processos civilizatórios, que ameaça o processo civilizatório hegemônicos.
O
empresário discriminador terá dificuldade de encontrar os recursos necessários
ao seu empreendimento. Os recursos produtivos não são escolhidos em razão do
retorno do capital, por isso, a corrupção é o processo de mais valia do
empresário discriminador. O empresário discriminador não espera uma perda nos
lucros quando discrimina, pois, ele tem certeza da proteção do estado ou do
recurso à corrupção.
A
discriminação é eficiente porque o empresário discriminador pode fazê-lo em
função da característica de cada indivíduo. Esta possibilidade lhe dá uma
grande margem de manobra para disfarçar todos os seus preconceitos. Gordo, preto,
mulher, jovem etc. tudo pode ser objeto
de sua discriminação. O que menos importa é aquilo que o trabalho produtivo
pode dar de tornar para o seu capital.
A baixa produtividade da economia brasileira
decorre da discriminação contra o principal fator de produção a mão de obra
negra. Esta discriminação impede qualquer possibilidade de desenvolvimento
sustentável. Na medida que impede a livre circulação da mão de obra, a nosso
ver, principal fator de produção.
A
produtividade decorre da inovação. Mas esta é impossível sem que haja liberdade
dos agentes. Estou me referindo ao fator trabalho. A economia da “sociedade
passiva” é mais criativa que a da “sociedade ativa”, mas ela não dispõe da
confiança dos agentes do capital.
Nos
setores em que se impõe uma concorrência o sistema se organiza em estruturas
econômicas com regulamentação praticamente autônoma que garante sua reprodução.
São os casos dos monopólios e dos oligopólios, com efeito, nestas estruturas os
carteis se formam para garantir a distribuição dos ganhos. Ambos só são
possíveis com a anuência das instituições públicas.
As
empresas monopolistas estatais são importantes instrumento de reprodução do
capital na ausência de concorrência. Somos
obrigados a consumir produtos de baixa qualidade e a preços elevados. O caso do
setor de energia é emblemático. É o mesmo no caso dos oligopólios são setores
extremamente regulados com o objetivo de impedir a entrada de concorrente. Por
exemplo, o setor bancário, mesmo não cumprindo suas clássicas funções, que é
financiar a produção, auferem lucros astronômicos.
A
produtividade econômica na “sociedade passiva” é superior aquela da “sociedade
ativa”. A razão desta superioridade está na livre circulação dos agentes.
Entretanto, o capital financeiro e o capital imobiliário chegam escassamente
escassos em decorrência da desconfiança dos detentores do capital financeiro.
Portanto,
enquanto não resolver estas questões não teremos como resolver nossa relação de
desenvolvimento sustentável. Por isso, o roubo de dinheiro público e a
corrupção são as únicas formas que a classe empresarial tem de “se virar” em
razão do racismo inerente à sua cultura. O ódio ao “outro”, restringe a liberdade
e impede o avanço do processo civilizatório.
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