quarta-feira, 8 de julho de 2020

Discriminação, Produtividade e Corrupção



            Mercado, discriminação e corrupção estão intimamente ligados ao nosso atraso político, econômico e social. No desenvolvimento lento do nosso processo civilizatório estas três instituições são decisivas para a sua compreensão. Na estrutura de nosso mercado, a discriminação tem papel preponderante, como veremos.

A discriminação no mercado de trabalho está na razão indireta da produtividade e na razão direta da corrupção. Ou seja, quanto mais discriminação menor será a produtividade e maior será a corrupção. Os agentes do capital sabem que não perdem quando fazem escolhas levando em consideração suas preferências pessoais. Por isso, escolhem fatores que muitas vezes não estão de acordo com o retorno do capital envolvido.

A produtividade é ainda mais prejudicada nas sociedades onde o segmento discriminado é numericamente majoritário. Este fenômeno pode ser bem notado nas sociedades colonizadas. Nestas sociedades, o desenvolvimento sustentável é impossível, na medida que os discriminados, via de regra são portadores de outros processos civilizatórios, que ameaça o processo civilizatório hegemônicos.

O empresário discriminador terá dificuldade de encontrar os recursos necessários ao seu empreendimento. Os recursos produtivos não são escolhidos em razão do retorno do capital, por isso, a corrupção é o processo de mais valia do empresário discriminador. O empresário discriminador não espera uma perda nos lucros quando discrimina, pois, ele tem certeza da proteção do estado ou do recurso à corrupção.

A discriminação é eficiente porque o empresário discriminador pode fazê-lo em função da característica de cada indivíduo. Esta possibilidade lhe dá uma grande margem de manobra para disfarçar todos os seus preconceitos. Gordo, preto, mulher, jovem etc.  tudo pode ser objeto de sua discriminação. O que menos importa é aquilo que o trabalho produtivo pode dar de tornar para o seu capital.

A baixa produtividade da economia brasileira decorre da discriminação contra o principal fator de produção a mão de obra negra. Esta discriminação impede qualquer possibilidade de desenvolvimento sustentável. Na medida que impede a livre circulação da mão de obra, a nosso ver, principal fator de produção.

A produtividade decorre da inovação. Mas esta é impossível sem que haja liberdade dos agentes. Estou me referindo ao fator trabalho. A economia da “sociedade passiva” é mais criativa que a da “sociedade ativa”, mas ela não dispõe da confiança dos agentes do capital.

Nos setores em que se impõe uma concorrência o sistema se organiza em estruturas econômicas com regulamentação praticamente autônoma que garante sua reprodução. São os casos dos monopólios e dos oligopólios, com efeito, nestas estruturas os carteis se formam para garantir a distribuição dos ganhos. Ambos só são possíveis com a anuência das instituições públicas.

As empresas monopolistas estatais são importantes instrumento de reprodução do capital na ausência de concorrência.  Somos obrigados a consumir produtos de baixa qualidade e a preços elevados. O caso do setor de energia é emblemático. É o mesmo no caso dos oligopólios são setores extremamente regulados com o objetivo de impedir a entrada de concorrente. Por exemplo, o setor bancário, mesmo não cumprindo suas clássicas funções, que é financiar a produção, auferem lucros astronômicos.

A produtividade econômica na “sociedade passiva” é superior aquela da “sociedade ativa”. A razão desta superioridade está na livre circulação dos agentes. Entretanto, o capital financeiro e o capital imobiliário chegam escassamente escassos em decorrência da desconfiança dos detentores do capital financeiro.

Portanto, enquanto não resolver estas questões não teremos como resolver nossa relação de desenvolvimento sustentável. Por isso, o roubo de dinheiro público e a corrupção são as únicas formas que a classe empresarial tem de “se virar” em razão do racismo inerente à sua cultura. O ódio ao “outro”, restringe a liberdade e impede o avanço do processo civilizatório.


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