Ontem, dia 7 de julho, o Movimento Negro
Unificado comemorou 42 anos de sua primeira aparição pública. Na escadaria do
Teatro Municipal jovens negros protestaram contra o racismo e chamaram a
unificação da luta contra a discriminação racial.
Hoje quarenta e dois anos depois, apesar de
todos as nossas notórias vitorias, o racismo vem fazendo milhares de vítimas diariamente,
muitas delas fatais. A “democracia racial” que o MNU ajudou a sepultar não foi substituída
por uma sociedade justa e solidaria.
Naquele momento, a sangrenta ditadura
civil/militar não foi capaz impedir que destemidos jovens fossem protagonistas
da história. Hoje muitas organizações lutam contra este crime contra a humanidade
que se metamorfoseia. É preciso reconhecer e incentivar as coalizões e as convergências
que se multiplicam neste enfrentamento sem fim. Destas, devemos incentivar,
participar e, até criticá-las, mas jamais pensar em destruí-las.
Por isso, é preciso “retornar às escadarias”.
Este retorno significa voltar para às ruas, mas resgatando um discurso capaz de
agregar todas as formas de discriminação. Estando nas favelas, nas invasões,
nas palafitas, onde estão os negros. Nas escolas de samba, nos grupos Reeper,
onde se produz o lazer e cultura. Nos espaços das religiões de matrizes
africana, buscando a construção de outro processo civilizatório. Nestes locais o
MNU será capaz de construir um projeto que não seja caudatário dos discursos
das elites culturais reformistas.
Assim, nossa luta deve ir em direção de uma
sociedade justa e solidária em que as diferenças entre as culturas não sejam
hierarquizadas para controle racial.
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