quarta-feira, 31 de maio de 2023

Mercado, Instituição e democracia

 

Mercado, Instituição e democracia

 

Não se pode falar do contexto nacional sem abordarmos alguns aspectos do contexto internacional. Da invasão promovida pelos europeus em todas as partes do mundo até nossos dias, houve uma grande evolução em todas as instituições que refletiram no mundo inteiro.

 

A pregação da fé religiosa impondo uma visão de mundo centrada na exclusão do “outro”, isto é, daquele que são diferentes, motivou guerras e genocídios. A ferro e a fogo milhares de culturas foram excluídas. A força da imposição de valores religiosos, culturas foram destruídas e milhões de seres humanos foram  tiveram mortos.

 

O Brasil, invenção tipicamente europeia, não podia ficar de fora desta história. Atesta isto o fato de a escravidão ter sido a mais longa e estável instituição, no sentido que Douglas North dá a  estas. Seu fim, desencadeará um permanente estado de instabilidade econômica, política e social. Esta instabilidade política será obrigatoriamente seguida de crises econômicas. Os governos de JK, Jango e mesmo os ditadores militares terão dificuldade de contornar estas crises.

 

No período do pós-segunda guerra mundial, a geopolítica mundial sofre uma profunda modificação, tendo profundo reflexo no país, politico, econômica e social. O processo civilizatório europeu, que este passou teve significativo avanço com os crimes de genocídio cometido contra os judeus e outros povos. Esta rearrumacao vai interferir em todos os países.

 

Nos Estado Unidos, país que  se consolida na hegemonia econômica  e militar, uma profunda transformação se verifica. Sendo vitorioso na luta contra a barbárie dos europeus, este país não poderia continuar praticando a barbárie contra os afro-americanos em seu próprio território. Embora seus principais parceiros, também vitoriosos, mantiveram relações cordiais com os bárbaros na África.

 

A luta pelos direitos civis dos afro americanos, terá reflexo no mundo todo, inclusive no Brasil. As elites culturais conservadoras e boa parte das reformistas, aqui no Brasil, irão promover uma violência institucional que impedirá todo avanço nas reformas que poderiam incluir parcela significativa, a maioria Afro-brasileira.

 

As reformas de Base, principalmente a reforma da terra, poderia transforma o país numa sociedade de inclusão. A terra tem uma rigidez que remonta a Lei da Terra de 1850. Esta rigidez impede a livre utilização deste importante fator de produção. A reforma eleitoral colocaria no centro da decisão política milhões de brasileiros, transformando-os em cidadãos, embora ainda de segunda classe, uma vez que não estava no horizonte destes uma luta pelo direito civis, como estava na visão do Afro-americano. Entretanto, estava na visão das elites.

 

A pobreza e a desigualdade, decorrências de uma cultura da cultura de exclusão, era uma preocupação do projeto dos reformistas. No entanto, os métodos não iam de encontro direto ao centro do problema que era a exclusão da maioria esmagadora da maioria da população, que era afrodescendente, diferentemente dos afro-americanos que representava algo em torno de dez por cento. Nos Estados Unidos Gary Becker verá esta questão como central no mercado de trabalho.

 

Portanto, este é o contexto que servira de pano de fundo para as crises politicas dos anos seguintes. Estas crises serão acompanhadas de crises econômicas sucessivas. As soluções aportadas nunca levam em conta a matriz do problema herdada da cultura do invasor, qual seja a exclusão do “Outro”.

sábado, 13 de maio de 2023

 Treze de Maio: nada a comemorar



Treze de maio nada a comemorar. 


A mentira e a violência contra a cultura são fundamentais para a manutenção do racismo. É isto que pretendemos demostrar com este breve texto que nos motiva o aniversário da lei da farsa.


Esta data é a maior farsa de nossa história, que já é um acumulado de mentiras oficiais. Fingiu-se acabar com quase quatro século de exploração e com três linhas de uma lei. As elites culturais do país agiram desta forma pressionadas pela crise econômica e pela pressão internacional, assinando mais uma lei para “inglês ver”. Como diz o poeta: “livre do acoite da senzala, preso na miséria da favela”.


A farsa reforça-se quando computamos a quantidade de escravizados existentes no país quando foi assinada esta lei. Em números aproximados, chegamos a menos de 10% da população negra nesta condição. A maioria estava localizada nos centros de expansão econômica, principalmente no oeste paulista, área de expansão da “indústria” cafeeira.


Um quantitativo significativo de afro-brasileiro já estava livre da escravização, mas estavam presos a miséria do racismo e das leis opressoras que não foram abolidas na farsa das três linhas. Estes eram, entretanto, a maioria da população brasileira. Por isso, as elites culturais iniciaram um processo de tentativa de.apagamento das culturas dos descendentes de africanos. Hegemônicas naquele momento.


Em razão do racismo, cento e trinta e cinco após mais uma “lei para inglês ver” o Povo Negro continua, em sua esmagadora maioria, à margem dos avanços da modernidade ocidental. Sem possibilidade de livre circulação, não conseguimos produzir riquezas. Mesmo os poucos que as produzem veem os frutos de seus trabalhos serem transferidos aos “herdeiros da rainha” em razão do racista. 


Portanto, nesta data de hoje, de nada a comemorar, é fundamental que se restabeleça a verdade histórica para que possamos usufruir de uma verdadeira liberdade, fazendo avançar nossas tradições culturais de tal forma que haja equilíbrio dentro da instituição enquanto cultura no mercado. Somente com este equilíbrio nos apropriaremos do produto de nosso trabalho.