Mercado, Instituição e democracia
Não se pode falar do contexto nacional sem abordarmos alguns aspectos do contexto internacional. Da invasão promovida pelos europeus em todas as partes do mundo até nossos dias, houve uma grande evolução em todas as instituições que refletiram no mundo inteiro.
A pregação da fé religiosa impondo uma visão de mundo centrada na exclusão do “outro”, isto é, daquele que são diferentes, motivou guerras e genocídios. A ferro e a fogo milhares de culturas foram excluídas. A força da imposição de valores religiosos, culturas foram destruídas e milhões de seres humanos foram tiveram mortos.
O Brasil, invenção tipicamente europeia, não podia ficar de fora desta história. Atesta isto o fato de a escravidão ter sido a mais longa e estável instituição, no sentido que Douglas North dá a estas. Seu fim, desencadeará um permanente estado de instabilidade econômica, política e social. Esta instabilidade política será obrigatoriamente seguida de crises econômicas. Os governos de JK, Jango e mesmo os ditadores militares terão dificuldade de contornar estas crises.
No período do pós-segunda guerra mundial, a geopolítica mundial sofre uma profunda modificação, tendo profundo reflexo no país, politico, econômica e social. O processo civilizatório europeu, que este passou teve significativo avanço com os crimes de genocídio cometido contra os judeus e outros povos. Esta rearrumacao vai interferir em todos os países.
Nos Estado Unidos, país que se consolida na hegemonia econômica e militar, uma profunda transformação se verifica. Sendo vitorioso na luta contra a barbárie dos europeus, este país não poderia continuar praticando a barbárie contra os afro-americanos em seu próprio território. Embora seus principais parceiros, também vitoriosos, mantiveram relações cordiais com os bárbaros na África.
A luta pelos direitos civis dos afro americanos, terá reflexo no mundo todo, inclusive no Brasil. As elites culturais conservadoras e boa parte das reformistas, aqui no Brasil, irão promover uma violência institucional que impedirá todo avanço nas reformas que poderiam incluir parcela significativa, a maioria Afro-brasileira.
As reformas de Base, principalmente a reforma da terra, poderia transforma o país numa sociedade de inclusão. A terra tem uma rigidez que remonta a Lei da Terra de 1850. Esta rigidez impede a livre utilização deste importante fator de produção. A reforma eleitoral colocaria no centro da decisão política milhões de brasileiros, transformando-os em cidadãos, embora ainda de segunda classe, uma vez que não estava no horizonte destes uma luta pelo direito civis, como estava na visão do Afro-americano. Entretanto, estava na visão das elites.
A pobreza e a desigualdade, decorrências de uma cultura da cultura de exclusão, era uma preocupação do projeto dos reformistas. No entanto, os métodos não iam de encontro direto ao centro do problema que era a exclusão da maioria esmagadora da maioria da população, que era afrodescendente, diferentemente dos afro-americanos que representava algo em torno de dez por cento. Nos Estados Unidos Gary Becker verá esta questão como central no mercado de trabalho.
Portanto, este é o contexto que servira de pano de fundo para as crises politicas dos anos seguintes. Estas crises serão acompanhadas de crises econômicas sucessivas. As soluções aportadas nunca levam em conta a matriz do problema herdada da cultura do invasor, qual seja a exclusão do “Outro”.
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