A ameaça à reprodução do capital na
república racista exige operações ousadas e radicais. A inação pode
conduzir a contestação do modelo civilizatório dominante. Urge, portanto, a
exclusão e, se possível, reclusão dos culpados.
O que está em jogo é a continuidade
da dominação pelas elites culturais. Embora não existam possibilidades de
mudança na forma de dominação, estas elites agem rapidamente quando imaginam
que seus valores correm o risco de serem contestados. Por isso, o “modus
operandi” continuará utilizando-se da corrupção para a reprodução do capital. Para
isso, a corrupção será sempre o "modus operandi" da política.
As injustiças sociais, que tem por
base as diferenças étnicas, não podem fazer parte de um processo político
democrático sem estarem camufladas. As profundas injustiças sociais negam a
existência das liberdades individuais, logo impedem a possibilidade
de transformação. O racismo sempre foi o principal processo de restrição da
liberdade utilizado secularmente pelas elites culturais. Por isso, a corrupção
é fundamental para a obtenção de recursos para o “convencimento” do cidadão a
optar por esse ou aquele candidato.
Há uma crise no
"modus operandi", motivada pela entrada e longa permanência do
"outro" - o estranho - nos espaços reservados ao poder. O mestiço, o
retirante nordestino, a mulher, o negro, os homossexuais não são aceitos, como
parceiros, no processo político, salvo de forma simbólica ou folclórica. Por isso, a punição
com prisões arbitrárias, as torturas psicológicas e as chantagens contra
aqueles – os empresários - que contribuíram com a utilização deste “modus
operandi” pelos “estranhos no ninho”.
É isso que explica
a caça implacável as principais referências simbólicas “d’autrui”. Existem um
consenso entre as facções das elites culturais conservadoras e parte das
facções das reformistas, qual seja: é preciso urgentemente, repetem eles, que o
“sang impur abreuve nos sillons”. É tal consenso que
explica os processos kafkianos e a edição de leis que violam direitos consagrados
universalmente, alguns deles inscritos em nossa Carta Magna.
Portanto, é preciso excluir o
estranho do ninho para que, logo-logo as coisas ajeitem-se e o capital possa
livremente se reproduzir neste capitalismo sem liberdades do principal agente
econômico.
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