De volta às Escadarias: quarenta
anos de lutas, vida longa ao MNU
Há quarenta e dois anos o
Movimento Negro Unificado nascia em uma manifestação em São Paulo. Jovens
revolucionários enfrentavam uma violenta ditadura para protestar contra o
racismo que atingia os afro-brasileiros desde que os primeiros deles de nós colocamos
os pés neste país, sequestrado pelo usurpador português.
Desde este manifesto
insurgente, passaram-se quarenta e dois anos de lutas. Temos muitas vitórias a
comemorar. Elas estão espalhadas por vários setores. Podemos exemplificar com a
consagração do Vinte de Novembro e com as cotas na universidade. Hoje estas
duas grandes conquistas estão ameaçadas.
Este avanço, fruto do lento
amadurecimento das instituições sociais, políticas e econômicas, iam ao
encontro dos interesses dos Afro-brasileiros. Eles caminhavam na direção de uma
sociedade justa e solidaria. Na conjuntura atual eles retrocedem
aceleradamente. É preciso, portanto, voltar as escadaria.
Novamente o Movimento
Negro Unificado deve se manifestar. Principalmente, porque não estamos sós. São
muitas organizações espalhadas por todo país, algumas isoladas outras coligadas,
mas todas convergindo para o caminho que o MNU heroicamente trilhou há quarenta
anos.
Devemos apresentar nossas
propostas de forma que não deixem dúvidas de nossos propósitos e para impedir
que a juventude que tanto contribui com construção do MNU não seja atraída por
falsas palavras de ordem e estranhas bandeiras de luta. A luta contra o racismo
é nossa bandeira.
Neste momento de crise,
as elites culturais responsáveis pelo histórico atraso do país e, acima de
tudo, pela calamitosa crise sanitária que nos atinge, se articulam em
manifestos pela democracia deles. Esquecem que o “objetivo básico de um regime democrático é coibir
o uso de poderes arbitrários” que eles inseriram em suas instituições -
Assim, “estaojuntos” para uma democracia de fancaria, onde negros e
negras serão avaliados em arrobas.
O racismo é uma manifestação
de ódio ao “outro”, que funciona pela restrição da liberdade daqueles que são
diferentes dos seguimentos das elites culturais dominante. Assim, onde o
racista estiver presente, ele influenciará suas instituições para garantir seus
privilégios e os de seus semelhantes. Assim, como “o preço da liberdade é a eterna vigilância”, a luta contra o racismo está na base
desta “eterna vigilância”.
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