Um dos principais dilema
dos movimentos sociais encontra-se em construir aliados e identificar inimigos.
O movimento social negro não poderia ficar indiferente a este debate. Os
inimigos já foram identificados e os aliados se encontram naquele campo que
chamam de esquerda que abriga parcela significativa do que chamo de elite
cultural. Podemos ver o Movimento Negro Unificado neste campo desta categoria histórica
criada na revolução francesa.
Ver o MNU como uma
organização de “esquerda” é uma leitura possível, não é correta nem incorreta.
Não consigo ler o mundo em dicotomias. Mas aquilo que muitos chamam de
“esquerda” eu prefiro chamar de “amigos desleais” e aquilo que chamam de
“direita” prefiro chamar de “inimigos ideias”.
Os primeiros nos traem
logo assim que atingem seus objetivos, isto é, quando assumem o poder. Somos
indicados para os cargos sem expressão política ou estratégica – Ministro sem
pasta; pois em cargos de destaque teríamos a imagem divulga o que ajudaria na
auto-estima do Povo Negro. Ou somos colocados em cargos importantes, mas sem
verbas, como a SEPPIR, Secretarias de Cultura e fundações.
O que ainda é pior, não
implantam as políticas estratégicas que podem combater o racismo em sua base.
Neste caso, o exemplo notório é a implantação da Lei 10.639/2003 aqui na Bahia.
Outro exemplo, a Secretaria de Educação da prefeitura de um desses partidos da
elite cultural reformista nada fez para implementar esta lei, mesmo sendo o órgão
comandado pela “negona da cidade”.
Outro caso, o governo
atual também de partido da elite cultural reformista desconstrói instituições
que são ocupadas na esmagadora maioria pelo Povo Negro. Veja o caso dos
contingenciamentos das verbas das instituições de ensino superior e o
fechamento de importantes unidades de ensino básico.
Completando, neste último
exemplo: importantes quadros do
movimento negro, lideranças com papel histórico, são colocados em quadro de
terceiro escalão e, pasmem! em terceirizadas. Ou são impedidos de concorrer,
como aconteceu em uma das últimas eleições para prefeito nesta “capital mais
negra do Brasil”.
Os nossos inimigos ideais,
isto que chamam de direita não merece aqui nenhum comentário.
Por isso, vejo o
Movimento Negro Unificado como uma “organização insurgente”, focada na luta
contra o racismo, o que não é o caso de nenhuma destas organizações das elites
culturais conservadora.
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