Discutir Justiça e Solidariedade diante do abando
em que se encontram a maioria da população afrodescendente em nosso país requer
um longo exercício de paciência. Com efeito, estas maiorias não reclamam e a
minoria não aceita, pois naturalizam seus seculares privilégios.
Milhares
de negras e negros são mortos todos os meses no Brasil. Sejam por armas do
crime organizado, sejam por aqueles que, nós cidadãos financiamos; ou sejam em
ações do cotidiano de suas vidas precárias. A maioria esmagadora destes crimes ficam
impunes. Muitos são explicados apenas por uma frase “é coisa do tráfico”. Não
existe a mínima menção à necessidade de justiça. Esta quando se manifesta é
lenta e parcial. Vimos que só movimenta com rapidez com objetivos políticos.
A
justiça americana é rápida, porém parcial, vejam os milhões de afro-americanos encarcerados.
Na América, o afro-americano se revolta clamando por justiça, aqui assistimos
passivamente o genocídio do afro-brasileiro. Até quando. Lá o Estado rapidamente
os encarcera; aqui o Estado, rapidamente os eliminam. Em ambas as realidades,
seus olhos estão bem abertos para os Afrodescendentes.
É
preciso uma intensa luta por Justiça em nosso país. Esta luta será capaz de
mobilizar outros segmentos também discriminados na lógica excludente deste
sistema. Assim, poderíamos agregar: mulheres, LGBT+, judeus, índios etc. Somente
com uma grande mobilização daqueles que são os alvos preferidos desta “justiça”,
teremos capacidade de modificar esta realidade.
Manifestantes
em Curitiba prestam solidariedade aos americanos que protestam contra o
assassinato de um Afro-americano pela. Muito interessante! Mas porque que eles
não se manifestaram contra o assassinato de um jovem negro no Rio? Eles lutam
por solidariedade. Importantíssimo prestam uma solidariedade internacional, mas
se negam a lutar por justiça no nível nacional.
Cada
família atingida pela “bala justiceira” se sente só. Os atos de solidariedades e
as atitudes de protestos são passageiras. Aqui, de imediato fecha-se uma rua e
queima-se um ônibus, depois, são mais um número nas estatísticas do genocídio. É
necessário dar apoio a estas famílias para acompanharem os processos.
Portanto,
a Justiça e Solidariedade devem estar no centro de todas as ações que intentam
bloquear a continuidade deste genocídio. Faz-se urgente gritar por elas.
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