PreTos 82: é sempre bom relembrar
Um 1982, a sociedade brasileira
enfrenta sua primeira grande eleição com a maioria das correntes ideológicas na
clandestinidade. Era um momento de crise, histórico na luta política. Ivan
Carvalho candidatou-se a deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores. Os
partidos que lutaram contra a ditadura militar tinha seus quadros composto
majoritariamente por afro-brasileiros. Estes vinculados a grupos marxistas em
seu interior.
Ivan Carvalho vislumbrou a
possibilidade de abordar o poder enquanto Negro, entretanto, nos partidos das
elites culturais reformistas, embora a maioria fosse de pretos, poucos eram
Negros. Por isso, com sua ousadia, tentou tirar os pretos do isolamento de suas
correntes, talvez para transformá-los em NEGROS. Seu êxito se verifica hoje
quando a maioria daqueles pretos, alguns agora Negros, estão engajados hoje nas
questões raciais.
A partir de 1992, foi perseguido
política, econômica e socialmente pela até então mais longa tirania baiana, ele
soube resistir à tentativa de aniquilamento nestas três esferas. A
perseguição não afastou Ivan da lide política. Um crítico contundente e
mordaz dos dirigentes das elites culturais, mas sempre colaborativo com os
companheiros negros.
Hoje, o mesmo contexto de crise se
repete, a lição que Ivan Carvalho ensinou aos pretos de 82, que os transformou
em militantes de raciais, não está sendo bem aprendida pelos pretos dentro dos
partidos das elites culturais reformistas no atual processo eleitoral, ainda
presos e obrigados à reprodução política destas elites e de seus satélites.
Portanto, entendemos que o
significado de PreTos 82 é a tentativa de construção de candidaturas negras que
promovam reformas que vão ao encontro do Povo Negro Baiano. Por isso,
precisamos de cem mil Ivan Carvalhos.
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