Aos ideólogos as batatas
As
ideologias nascem, crescem e se transformam, atendendo a geopolítica e a
temporalidade. Três delas tem papel importante para os afro-brasileiros. Quais
sejam: o iluminismo, liberalismo, marxismo, entre outras ideologias europeias
de dominação, foram revolucionários em seus tempos. Nazismo, fascismo,
franquismo e salazarismo não passaram de adaptações locais de alguns aspectos
destas ideologias.
O iluminismo foi uma filosofia
revolucionária ao buscar explicação dos fatos e fenômenos pela “razão”. Assim
foi precisa ao separar a razão da emoção, atribuindo a alguns plenitude na razão
e a outros da emoção. A separar a igreja do estado, ele foi ao encontro do novo
segmento em ascensão, os comerciantes e os habitantes das cidades (burgos). Assim,
as trevas da Europa foram iluminadas pelas luzes da razão branca.
Na
esteira do iluminismo, o liberalismo centralizou no indivíduo branco a morada
da razão. Esta dava ao indivíduo todos os direitos, inclusive, e principalmente,
o de subjugar aqueles supostamente dirigidos pela emoção, os não-brancos. Esta
lógica fundamentou o principal crime da história: a escravização dos africanos.
Milhões de seres humanos foram tratados como animais, uma vez que desprovidos de
razão.
No entanto, a liberdade conquistada pelos indivíduos
facilitou a produção de volumosa riqueza. Com efeito, a violência da
escravização propiciou o acúmulo de enormes fortunas que foram investidas em fabricas,
bancos e no comercio de gente e na distribuição de importantes civilizações e
suas culturas. E, consequentemente no empobrecimento dos povos remanescentes. A
cultura da guerra decorrente do ódio ao outro se alastrou para o mundo todo.
Os enfrentamentos constantes desta
ideologia, no território europeu, com seu rastro de guerra, extermínios e
massacres a transformou em algo possível de exportação, principalmente para os
territórios ocupados no passado. O liberalismo civilizou-se na Europa e nos
Estados Unidos, mas continuou brutal em suas ex-colônias.
O início da mecanização das atividades
fabris propiciou o surgimento de uma classe operária submetida a um brutal
processo de trabalho. Do outro lado da fábrica, uma classe empresarial
mesquinha e despótica se
apropriava de tudo que ela produzia. Esta disputa vai produzir catástrofes
humanitárias que dizimará boa parte da população europeia. A miséria será pasto
fértil para o surgimento de ideologias que animará boa parte dos trabalhadores.
O marxismo foi o principal instrumento do
operariado para libertá-lo do julgo do empresário capitalista. Já não era o indivíduo
que importava, mas sim o coletivo que transferia sua mais-valia para outrem. Era
a oportunidade de voltarmos ao paraíso. A união agora era pedida aos operários
de todo mundo, que deveriam se unir para derrotar o capital e instalar a
ditadura do proletariado.
O Estado do bem estar social, surgido na
Alemanha de Bismark, foi indispensável para a adesão suave dos operários alemãs
a unificação imposta pelas guerras. Assim, o comunismo deixou de ser “um espectro” em torno da Europa, sendo
atualizado para esta nova realidade. Entretanto, a Alemanha unificada e
vitoriosa em suas guerras internas e externa, exigiu seu naco do rico
território africano, estopim da primeira guerra mundial. A exportação desta ideologia
não bem adaptada nos territórios colonizados.
O nazismo, em razão do seu foco no
nacionalismo, teve vida efêmera, embora tenha causado irreparáveis prejuízos a
humanidade. Suas correlatas, na Itália o fascismo, em Portugal, o salazarismo e
na Espanha o franquismo persistiram de acordo com cada um contexto. Foram
cruéis ideologias que se esgotaram quando superado o contexto específico em seu
tempo e sua região.
Assim, o iluminismo foi revolucionário ao
liberar os europeus das trevas. No entanto, seus pressupostos deram base ao surgimento
do liberalismo, fundamental para a ampliação do racismo. Na mesma linha o
marxismo foi revolucionário ao permitir o advento do estado do bem estar social
e salvar a Europa do espectro do comunismo que a rondava.
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