Na Perspectiva Nacional
Veremos que toda dependência ideológica descamba em derivas oportunista que podem chegar a desvios de condutas. Desta forma, a esperança de avanço se transforma paralisia de ação.
Os anos noventa não viu Godot. Mas na década seguinte, os intelectuais negros constroem estruturas que poderiam esquecer a espera. Suas associações de deveriam contribuir com outra leitura da realidade o que poderia desembocar em uma real construção de outras verdades.
Assim, nascia a ABPN na realização do seu primeiro congresso em Pernambuco no final de 2000. Sem vinculo direto com as estruturas ideológicas carcomidas, parecia capaz de uma construção ideológica autônoma, embora a maioria de seus integrantes eram oriundos destas velhas estruturas. No entanto, infelizmente seus principais dirigentes escolheram a dependência de novas estruturas que rapidamente apodreciam.
Seus encontros bianuais logo passaram a ser sobejamente financiados pelas elites culturais reformistas que empolgavam o poder no país. Mas a dependência econômica não prejudicava a tentativa de uma produção intelectual autônoma. Esta todavia, já tinha um comprometimento anterior.
A necessidade de subsidiar a elite cultural reformista prevaleceu. Importantes quadros na formação inicial da associação emprestaram seus talentos em carpos importantes, embora não em cargos decisórios. Fortaleceu-se assim a ideia da centralização na organização . No mesmo momento, importantes quadros originários da fundação se afastaram em decorrência destes comportamentos.
As derrotas das elites culturais reformistas no poder refletiram de imediato na perspectiva da associação de tal forma que alguns eventos não puderam ser realizados. Sendo este o preço da falta de autonomia. Esta dura realidade aguçou alguns comportamentos pessoais que redundaram em desvio de condutas e afastamento de alguns dirigentes.
A ABPN não cumpriu o seu papel. Ou o papel que alguns intelectuais presentes em Pernambuco em sua fundação, imaginavam. Qual seja, multiplicar-se por todo país, construindo associações nos estados, locais em que a pesquisa se realiza. Tentou centralizar nacionalmente de forma a competir com as associações dos brancos, facilitando com isto a obtenção de cargos no executivo nacional. O “copeninhos” os “departamentinhos” tentados pelas direções esvaíram-se.
São os representantes das elites conservadores que estão dando a seu modo uma resposta ao sem que os intelectuais negros brasileiros compreendam qual o seu papel. No episodio da primeira punição de um racista declarado, o Magistrado que um dia o “absolveu”, foi exemplar em seu julgamento, como se internamente ele tivesse se recuperando do primeiro julgamento.
Portanto, verificou-se que a promissora possibilidade de construção de novos critérios de verdade redundou em alguns perigosos desvios de conduta. Levando a ABPN a obvio naufrágio.
Nos Passos de Querino, rumo ao IX CBPN
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