terça-feira, 26 de outubro de 2021

Diálogos Insurgentes

O Centrão é um conjunto de políticos de diversos partidos das elites culturais que são financiados por grandes e pequenos empresários e por nós através desta excrecência que se chama fundo partidário, logo são instrumentos destes segmentos empresariais - conservadores, majoritariamente, e reformistas. Lá no parlamento, aprovam os projetos que interessam a estes grupos. Evidentemente, alguns se corrompem, mais isto não me interessa, pois tenho uma concepção muito particular do que é corrupção. Nada mais é do que instrumento do “capitalismo periférico”.

Liberalismo, seja econômica, político e social é uma doutrina muito séria, assim como o cristianismo, comunismo, socialismo etc. Podemos e, devemos, discordar, mas são doutrinas que determinaram a lógica do ocidente cristão. O problema é que a base filosófica destra doutrina é o iluminismo, este essencialmente racista. É isto que quero enfatizar nos liberais civilizados do terceiro mundo. Enfim, é isto que nos intelectuais insurgentes deveríamos estar aprofundando.

Se um ministro liberal “Cai ou não cai”, ninguém pode saber. A instabilidade política no país é tão grande que qualquer coisa pode acontecer. Não existe análise política que pode prever a queda de um  liberal terceiro-mundista civilizado.


sexta-feira, 23 de abril de 2021

Uma vitória da luta contra o arbítrio.

 

Uma vitória do Estado de Direito e a luta contra o arbítrio pode ser vista por muitos ângulos. É o que se depreende da decisão da Suprema Corte no caso da suspeição do Juiz Sergio Moro.

Um Ministro da Suprema Corte, ao proferir seu voto tentando salvar o juiz justiceiro e seus acólitos, falou que poderia ser dado um passo atrás na extinção da corrupção. Do alto de sua impavidez e palidez, o magistrado ousa atacar um dos pilares do nosso capitalismo, qual seja: a corrupção. Ledo engano e profundo equívoco.

Este mesmo magistrado afirmou que os juízes que ousaram atacar a corrupção poderiam ser perseguidos pelos corruptos para que tais iniciativas não se repetissem, como ocorreu na Itália. Esta declaração é passível de se tornar uma realidade, por mais paradoxal que pareça.

O ledo engano decorre da reconhecida competência e lucidez do notável causídico. Mas ele desconhece que a corrupção endêmica no Brasil é decorrência do racismo que se abate sobre quase 60% da população.

No entanto, a possibilidade de que a perseguição ocorra decorre da contrariedade dos racistas com o fato de magistrados justiceiros e ingênuos tocarem no principal instrumento de reprodução de seus capitais. O que já vem acontecendo. Anote-se que não serão as vítimas dos justiceiros togados e engravatados que comandaram a perseguição. Serão seus aliados no topo da sociedade civil.

Portanto, a endêmica corrupção brasileira continuará enquanto o combate as desigualdades raciais não forem atacadas e a luta contra o racismo forem interrompidas por magistrados arbitrários e outros funcionários públicos truculentos.

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Na disputa entre o mar e o rochedo...

    As elites se digladiam para conservar seus privilégios decorrentes de uma sociedade excludente do ponto de vista racial. Parlamentares de representatividade duvidosa, chefe de executivo sem qualidade, pretendentes ao poder central e “guardiões da pátria” disputam como se apropriar da riqueza produzida pelos afro-brasileiros.

    Os representantes do povo sequestraram quase trinta bilhões de reais de verbas públicas e as destinaram a seus projetos políticos. Em seguida, em ato implicitamente combinado, o presidente da Camara deu um ultimato em tom ameaçador, afirmou “tudo tem limite”. Este se destinou a algum irresponsável, para ele, representante do executivo. A carapuça coube perfeitamente ao chefe do executivo.

    A resposta foi imediata. A intervenção na cúpula das forças armadas, tentando demonstrar que tem controle destas forças. Os donos do país são demitidos como simples “aspone”, movimentados como peões para proteger uma rainha acuada. E teve efeito nas lideranças das elites culturais conservadoras.

    Os protegidos pelas guarnições reagem imediatamente. Anunciam seus porta-vozes: “Seis presidenciáveis assinam manifesto conjunto pró-democracia” Estadão.

        Responde o poeta: “Eles querendo mudar nossa sina. Nos injetando a inconsciência. Dizendo que é a democracia. Grande piada, conto de fada, eh” Edson Gomes.

      Não defendem a democracia, pois esta não existe, mas defendem seus interesses pessoais e dos segmentos a que pertencem. A ditadura, que seu candidato tanto almeja, não garante seus privilégios, ao contrário, os ameaçam, na medida em que esta pode trazer instabilidade política e, consequentemente econômica.

        Adultos, Jovens e crianças mortas diariamente por “bala perdida”. São quase cinquentas mil por ano, mais que as três guerras civis somadas (Somália, Síria e Yemen). A maioria de afro-brasileiros, sem que haja alguma justiça. E dizem “Não há liberdade sem justiça”. Racismo é o cerceamento da liberdade. Portanto, não há justiça, uma vez que não há liberdade.

        Por tudo, a conclusão é fácil, inexiste ameaça democracia uma vez que ela, entre nós, é um conto de fadas.

sexta-feira, 19 de março de 2021

De líder louco a gestor covarde: um longo percurso.

 

De líder louco a gestor covarde: um longo percurso.

 

As elites culturais constroem fanfarrões para atingir seus propósitos, mas estes demonstram sua covardia logo que se veem ameaçados. Para esconder esta covardia se valem das instituições públicas.

De explodir bombas para chamar a atenção da camaradagem à se ocultar atrás das instituições para aprovar medidas necessárias e desejáveis é uma caminhada que deve ser minuciosamente estuda.

Duas medidas foram aprovadas nos últimos dias no congresso. Uma politicamente desejada pelo ocupante do palácio, e outra pessoalmente indesejada pelo mesmo. Assim, anistiar as devidas de aliados, vai com certeza render votos de imediato no parlamento. A bancada da bíblia vai retribuir com votos. Já o auxílio emergencial renderá voto na futura eleição.

Ambas as medidas foram aprovadas nas casas legislativas. A primeira, com uma manobra digna de um mafioso. Outra, com uma manobra digna de um assombrado. Doar dinheiro publico para aliados poderia render um afastamento político do locatário do palácio do planalto. Assim, manobras palacianas facilitaram a aprovação da transferência de dinheiro público, sem que o chefe pudesse ser responsabilizado.

Doar dinheiro público para salvar vidas necessitou de uma emenda a Carta Magna, embora recursos públicos abundem nos fundos estatais e em seus bancos. Um exemplo, são os bilhões que o BNDES recebe para sustentar empresários incompetentes. De fato, isto designa uma má vontade política para agilizar tal apoio. A teoria malthusiana explica esta atitude.

A conclusão chegamos é que a fanfarronice serve para esconder a covardia.

sábado, 13 de março de 2021

O Preço da Democracia

 

O Preço da Democracia

Os empresários de Salvador manifestam-se contra as medidas restritivas. Manifestam-se, na verdade, pela continuidade das mortes de seus “colaboradores”. É desta forma que deve ser vista insistência destes financiadores de campanhas eleitorais, já que o sistema público de saúde está próximo ao colapso.

Depois da manifestação, tomam seus luxuosos carros e vão para seus apartamentos de quatro quartos. Na despedida, abraçam seus solidários colaboradores. Estes, como no fim de seus expedientes, tomam ônibus e metros superlotados e vão para suas humildades residência que dividem com seus cinco, seis ou mais familiares.

Os “empresários”, caso contaminados em seus abraços de solidariedades, correm para seus planos de saúde – que todos nós financiamos – e nossos hospitais particulares. Digo nosso, porque somos nós que financiamos. Estes ainda dispõem de alguns leitos para acolheremos.

Seus abraçados e solidários colaboradores vão para os “griparios” e as UPAs em busca da última dose - de oxigênio.

Este é o preço da democracia numa sociedade extremada pela desigualdade. Quem condiciona a ação do Estado, na proteção dos cidadãos, são aqueles que financiam as campanhas eleitorais, isto é, os “empresários manifestantes”.

sexta-feira, 5 de março de 2021

Livre Circulação, Crescimento e Desenvolvimento

 

Livre Circulação, Crescimento e Desenvolvimento

Livre circulação, crescimento e desenvolvimento são ideais que não podem ser separadas dentro de um sistema político que busque justiça social, como veremos.

Desenvolvimento sustentável está intrinsicamente ligado a circulação dos agentes. E este é impossível de realizar-se em sociedades profundamente desigual, como a brasileira. As profundas desigualdades impedem o funcionamento de um sistema político que dê ao individuo a autonomia e responsabilidade de suas ações e as consequências destas.

O atual modelo de exclusão tem origem no "esbulho possessório" que foi a lei da terra de 1850. Esta lei transformou oitenta porcento da população brasileira em “sem terra”. Mas as interpretações conservadoras dos papéis dos agentes foram determinantes para a consolidação da exclusão. Com efeito, a maioria da população foi considerada mentalmente despreparada. Os intelectuais das elites buscaram nos ensinamentos da ciência europeia do século XIX uma explicação nosso atraso. Este modelo, portanto, persiste até nossos dias.

Nossas elites foram alimentadas por estas interpretações e estes ensinamentos. Estas quando necessitam, são capazes de estabelecer consensos para lhes tirar das crises. Por exemplo foi assim, espetacularmente nos anos noventa. Quando estas elites foram capazes de estabelecer um consenso para pôr fim a inflação galopante deixada pela ditadura. Por isso, podem ser capazes de estabelecer outro consenso para afastar esta consequência da ditadura que hoje nos assola.

Mas as bases destas mudanças devem ser buscadas na história e na luta política através de uma nova leitura de nossa história.

Portanto, é fundamental para um verdadeiro desenvolvimento sustentável a busca de um modelo que inclua, baseado na autonomia responsabilidade de cada cidadão. Para isto, as novas elites devem se insurgir e construir novos sistemas de verdade.

sábado, 27 de fevereiro de 2021

As Privatizações e Povo Negro


 

    Vamos abordar alguns comentários sobre as privatizações. Os debates sobre a crise do combustível trazem uma boa oportunidade. Com efeito, taxa de juros em patamar jamais visto e preços de combustíveis na estratosfera evidenciam como estas empresas pouco contribuem para as reparações necessários ao povo negro.

    Tenho ouvido e lido alguns comentários sobre a “crise nos combustíveis” que são profundamente simplórios do “ponto de vista racial, como são aliás todas as análises brancas que não podem levar em consideração este ponto de vista.  Esta crise acelera o debate sobre as privatizações. E os equívocos se avolumam nos pretensos economistas técnicos. Alguns parâmetros que estes pretensos economistas utilizam são os lucros produzidos pelas “estatais”. do lucro não pode ser utilizado para empresas do estado, pois o estado não é capitalista. Por exemplo, Banco do Brasil e a Petrobras são empresas regidas pela lei das S/A, o que significa que metade do lucro destacado pelo branco economista não vão para o estado e sim para os detentores de ações. O parâmetro que deve ser usado é o retorno do investimento do estado em serviços.

    Neste parâmetro, o serviço prestado, as estatais são inúteis para o Povo Negro. A Petrobras não consegue produzir energia barata, apesar da nossa abundância de matéria prima (petróleo, vento, sol, cana, mamona, dendê dentre muitos). O Banco do Brasil não tem nenhum papel na taxa de juros. Mas as duas tem coisas positivas, garantem empregos quase estáveis para seus colaboradores, isto é positiva, mesmo levando em consideração que empregam desproporcionalmente mais brancos que negros.

    A CEF e o BNDES, entretanto são empresas públicas, isto é o governo detém cem porcento do controle acionário, recebendo, portanto, a totalidade do lucro. A CEF, como o BB, não tem nenhuma influência na taxa de juros, apesar dos bilhões de recursos baratos que recebe da sociedade, por exemplo, loterias, FGTS etc. O caso do BNDES é ainda mais vergonhoso. É o banco dos ricos. Recebe recursos do Povo Negro para “doar” a empresários brancos. Estas duas instituições financeiras podiam emprestar a juros subsídios para o trabalhador de rua, para o barraqueiro etc. Neste caso seriam úteis ao Povo Negro e ficaram abrigadas pelo estado. Da forma como atuam, é melhor ficar na mão dos empresários brancos que em médio prazo, sem obrigado do estado, as levariam à falência.

    Portanto, estas empresas que tem bilhões de recursos patrimoniais e financeiros poderiam ser fundamentais para a reparação do povo negro, mas tanto suas burocracias, quanto os seus ideólogos impedem qualquer discussão.


sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

PreTos 82: é sempre bom relembrar

 

PreTos 82: é sempre bom relembrar

Um 1982, a sociedade brasileira enfrenta sua primeira grande eleição com a maioria das correntes ideológicas na clandestinidade. Era um momento de crise, histórico na luta política. Ivan Carvalho candidatou-se a deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores. Os partidos que lutaram contra a ditadura militar tinha seus quadros composto majoritariamente por afro-brasileiros. Estes vinculados a grupos marxistas em seu interior.

            Ivan Carvalho vislumbrou a possibilidade de abordar o poder enquanto Negro, entretanto, nos partidos das elites culturais reformistas, embora a maioria fosse de pretos, poucos eram Negros. Por isso, com sua ousadia, tentou tirar os pretos do isolamento de suas correntes, talvez para transformá-los em NEGROS. Seu êxito se verifica hoje quando a maioria daqueles pretos, alguns agora Negros, estão engajados hoje nas questões raciais.

            A partir de 1992, foi perseguido política, econômica e socialmente pela até então mais longa tirania baiana, ele soube resistir  à tentativa de aniquilamento nestas três esferas. A perseguição não afastou Ivan da lide política.  Um crítico contundente e mordaz dos dirigentes das elites culturais, mas sempre colaborativo com os companheiros negros.

            Hoje, o mesmo contexto de crise se repete, a lição que Ivan Carvalho ensinou aos pretos de 82, que os transformou em militantes de raciais, não está sendo bem aprendida pelos pretos dentro dos partidos das elites culturais reformistas no atual processo eleitoral, ainda presos e obrigados à reprodução política destas elites e de seus satélites.

            Portanto, entendemos que o significado de PreTos 82 é a tentativa de construção de candidaturas negras que promovam reformas que vão ao encontro do Povo Negro Baiano. Por isso, precisamos de cem mil Ivan Carvalhos.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Racismo e Produção de Riqueza

 Racismo e Produção de Riqueza

A racimos é o ódio ao “outro” e a tudo que ele representa. Nossos beiços grossos nos faz “beiçudos”, nossas bundas bem formadas, nos faz “bundudos” etc.). Nossas crenças são malignas, na religião (somos macumbeiros, feiticeiros etc.) O Racismo, meu Amigo, é o ódio a tudo isto. Em resumo é o desejo de extermínio do “outro”, através do extermínio de sua cultural. Assim foi com dezenas de culturas africanas, assim foi com importantes culturais dos territórios invadidos (os astecas, os maias, os incas dentre outras.). Para o racismo, estas culturais tem que ser extintas. Era esta extinção que os governos de Lula e Dilma com suas tímidas, mas importantes, medidas poderiam combater, e, em  alguns aspecto também com FHC.

Meu Amigo, as pessoas são pobres por causa do racismo. O Racismo impede a produção de riqueza assim com sua distribuição, pois torna irracional a alocação de recursos. Você não está enganado, apenas usando o senso comum.

Concluindo, como disse na mensagem anterior: os recursos produtivos, dentro os três o trabalho (mão de obra) não é escolhido pelo retorno que pode dar ao capital e sim, são escolhidos pela cor da pele, formato dos lábios, tamanho da bunda, cor dos olhos, forma de penteado etc.

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Lá se vai meu carrinho de brinquedo

 

A Ford vai sair da Bahia e do Brasil: quero novidade. Esta partida já era esperada. Estão todos mentindo, fingido surpresa. Todos sabiam que mais cedo ou mais tarde isto aconteceria. Foi tarde! E pouco tem a haver com a pandemia. Esta serve, sobretudo, como uma espécie de álibi. É a movimentação do capital em busca de resultado.

A solução proposta é o mais do mesmo: descredito do mercado local. Incentivos, subsídios e vantagens, quando tudo isto acabar, caminho da roça; disse Olívio Dutra “tchau sem a Deus”. Ontem os americanos, agora os chineses, Eles estão sempre procurando seu salvador.

A solução é investir no mercado interno. O problema é que este é majoritariamente de afro-brasileiros. E o governo baiano não tem nenhum interesse em atender a um público com esta especificidade. Portanto, a solução de investir no mercado interno se torna uma questão política.

A indústria automobilística está em crise no mundo todo em função principalmente das mudanças tecnológicas, ambiental e da entrada no mercado dos produtos da indústria asiática. Aqui, a crise é fundamentalmente uma crise de mercado. Não se pode esquecer que a proposta do fundador da Ford era construir carros acessíveis ao cidadão comum. Por razões já mencionadas, este cidadão comum não está na pauta do governo.

Em resumo, Na época, da chegada da fábrica, nós petistas fomos contra a vinda da Ford. Hoje, quem diria, vamos atras das chinesas.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

A Democracia Relativa e Seus Avanços

             A “democracia relativa” definida na ditatura evidencia seus avanços. Imaginada no período da ditadura e ressurgida com o último golpe legal, ela dá sinais de seu vigor.

Os sistemas políticos agem de forma diferente, mas sempre de acordo com os interesses de suas elites culturais. O comportamento das autoridades brasileiras no caso da invasão, às dependências do legislativo, por seguidores do derrotado presidente americano é uma demonstração destas diferenças.

A nota de apoio do governo brasileiro aos invasores da Casa Branca deve ser vista como aviso do presidente em caso suas denúncias de fraldes nas próximas eleições não sejam aceitas. Não se pode esquecer que ele negou a legitimidade de sua própria vitória. Posição pouco contestada pelos aliados de então. A nota é oficial porque emitida pelo presidente em exercício. Seu Chanceler reafirma o propósito de insurgir-se quanto aos resultados nas próximas eleições gerais no Brasil. Em nota divulgada confusa, deixa implícito o apoio aos baderneiros americanos em concordância com o posicionamento de seu “Führer. Vamos ficar atentos.

               Ambas as notas são manifestações que estarão sempre à disposição para dar contiguidade aos projetos das elites culturais, mostrando o evidente desapreço pelo voto popular.

Se será bem sucedido só o futuro dirá, como dizia um ministro da ditadura. É provável que não, pois ele não tem unidade de seus pares fardados. Entretanto, é possível que coloque seu plano em prática. Mas se os interesses das elites culturais tiverem ameaçados é provável que o processo avance, não se sabe até onde. Uma vez que a principal causa do imenso retrocesso da chegada deste embuste ao poder foi a ameaça à hegemonia cultural da elite cultural conservadora.

Nosso sistema político mostrará o quão frágil ele é no que diz respeito ao sagrado direitos dos cidadãos de escolher seus dirigentes

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Aos ideólogos as batatas

 

Aos ideólogos as batatas

As ideologias nascem, crescem e se transformam, atendendo a geopolítica e a temporalidade. Três delas tem papel importante para os afro-brasileiros. Quais sejam: o iluminismo, liberalismo, marxismo, entre outras ideologias europeias de dominação, foram revolucionários em seus tempos. Nazismo, fascismo, franquismo e salazarismo não passaram de adaptações locais de alguns aspectos destas ideologias.

O iluminismo foi uma filosofia revolucionária ao buscar explicação dos fatos e fenômenos pela “razão”. Assim foi precisa ao separar a razão da emoção, atribuindo a alguns plenitude na razão e a outros da emoção. A separar a igreja do estado, ele foi ao encontro do novo segmento em ascensão, os comerciantes e os habitantes das cidades (burgos). Assim, as trevas da Europa foram iluminadas pelas luzes da razão branca.

Na esteira do iluminismo, o liberalismo centralizou no indivíduo branco a morada da razão. Esta dava ao indivíduo todos os direitos, inclusive, e principalmente, o de subjugar aqueles supostamente dirigidos pela emoção, os não-brancos. Esta lógica fundamentou o principal crime da história: a escravização dos africanos. Milhões de seres humanos foram tratados como animais, uma vez que desprovidos de razão.

No entanto, a liberdade conquistada pelos indivíduos facilitou a produção de volumosa riqueza. Com efeito, a violência da escravização propiciou o acúmulo de enormes fortunas que foram investidas em fabricas, bancos e no comercio de gente e na distribuição de importantes civilizações e suas culturas. E, consequentemente no empobrecimento dos povos remanescentes. A cultura da guerra decorrente do ódio ao outro se alastrou para o mundo todo.

Os enfrentamentos constantes desta ideologia, no território europeu, com seu rastro de guerra, extermínios e massacres a transformou em algo possível de exportação, principalmente para os territórios ocupados no passado. O liberalismo civilizou-se na Europa e nos Estados Unidos, mas continuou brutal em suas ex-colônias.

O início da mecanização das atividades fabris propiciou o surgimento de uma classe operária submetida a um brutal processo de trabalho. Do outro lado da fábrica, uma classe empresarial mesquinha e despótica se apropriava de tudo que ela produzia. Esta disputa vai produzir catástrofes humanitárias que dizimará boa parte da população europeia. A miséria será pasto fértil para o surgimento de ideologias que animará boa parte dos trabalhadores.

O marxismo foi o principal instrumento do operariado para libertá-lo do julgo do empresário capitalista. Já não era o indivíduo que importava, mas sim o coletivo que transferia sua mais-valia para outrem. Era a oportunidade de voltarmos ao paraíso. A união agora era pedida aos operários de todo mundo, que deveriam se unir para derrotar o capital e instalar a ditadura do proletariado.

O Estado do bem estar social, surgido na Alemanha de Bismark, foi indispensável para a adesão suave dos operários alemãs a unificação imposta pelas guerras. Assim, o comunismo deixou de ser “um espectro” em torno da Europa, sendo atualizado para esta nova realidade. Entretanto, a Alemanha unificada e vitoriosa em suas guerras internas e externa, exigiu seu naco do rico território africano, estopim da primeira guerra mundial. A exportação desta ideologia não bem adaptada nos territórios colonizados.

O nazismo, em razão do seu foco no nacionalismo, teve vida efêmera, embora tenha causado irreparáveis prejuízos a humanidade. Suas correlatas, na Itália o fascismo, em Portugal, o salazarismo e na Espanha o franquismo persistiram de acordo com cada um contexto. Foram cruéis ideologias que se esgotaram quando superado o contexto específico em seu tempo e sua região.

Assim, o iluminismo foi revolucionário ao liberar os europeus das trevas. No entanto, seus pressupostos deram base ao surgimento do liberalismo, fundamental para a ampliação do racismo. Na mesma linha o marxismo foi revolucionário ao permitir o advento do estado do bem estar social e salvar a Europa do espectro do comunismo que a rondava.